Exclusão de Ações Inferiores a R$ 1,00 do Ibovespa: o Caso OGX
A BM&FBovespa tornou público o que deve ser a nova metodologia do Ibovespa na última quarta-feira (21/08). A operadora da bolsa tem a intenção de mudar a forma como o seu principal índice de ações é composto, com o intuito de reduzir a volatilidade excluindo papéis tidos como mais "problemáticos". [1]
Existente desde 1968, o Ibovespa nunca passou por uma mudança de metodologia e sempre teve como critério principal a liquidez dos ativos. Nesta nova metodologia, deverão ser eliminadas as "penny stocks", ações que, mesmo líquidas, valem apenas centavos e possuem uma volatilidade acima do normal.
Desta vez, os ativos precisam valer mais de R$ 1,00 no período de vigência das três carteiras anteriores do Ibovespa para serem elegíveis para as próximas. Das 71 ações que fazem parte do Ibovespa atualmente, apenas uma está cotada abaixo de R$ 1,00: a OGX Petróleo (OGXP3). [2]
Nos centavos há algum tempo, quando a nova metodologia começar a ser implementada, a OGX deve ser excluída. A saída da petrolífera de Eike Batista do principal índice da bolsa brasileira já tem sido sinalizada pela BM&FBovespa desde o começo do mês, quando o próprio presidente da companhia, Edemir Pinto, falou durante teleconferência de resultados do 2º trimestre sobre esta possibilidade.
Grupamento é a solução?
O que pode "salvar" a empresa é um possível grupamento de ações, o que reflete em um menor número de ativos negociados na Bovespa mas eleva o valor de face de cada papel - já que, de acordo com a Proposta de Manual de Conceitos e Procedimentos dos Índices, o valor da ação será, então, calculado considerando a proporção do grupamento em todo período de análise.
Outra ação do Ibovespa que era cotada na casa dos centavos, a Vanguarda Agro (VAGR3) realizou em maio deste ano um grupamento na razão de 9 para 1. Assim, os papéis da companhia de biodiesel passaram na época de R$ 0,39 para R$ 3,51 e atualmente é cotada em torno de R$ 3,60.
Ao contrário do que alguns membros do mercado pediam, empresas pré-operacionais não serão excluídas da possibilidade de entrarem no índice - embora a Bovespa mantenha um grupo capaz de determinar qualquer "exceção" no Ibovespa. Isso ocorreu no ano retrasado, quando o volume negociado de Mundial (MNDL3) "estourou" a bolha do alicate [3], chegando a superar gigantes como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3; VALE5) - mas a bolsa optou por deixá-la de fora do índice.
"A principal preocupação da BM&FBovespa é determinar quais são as mudanças mais adequadas para manter o Ibovespa como índice que representa com mais exatidão o desempenho do mercado brasileiro", afirmou Edemir Pinto, presidente da bolsa, em comunicado. Por conta disso, o que se analisa com maior prioridade são os critérios de ponderação, a fórmula de cálculo do índice de negociabilidade e os critérios de inclusão e exclusão.
O comunicado da BM&FBovespa indica que há uma data para iniciar a s mudanças: janeiro de 2014. Contudo, está em discussão se os rebalanceamentos serão feitos todos de uma vez ou em um sistema de escalonamento. A companhia deve divulgar a metologia definitiva no dia 13 de setembro.
[1] O método de cálculo do Ibovespa tem sido criticado por analistas há algum tempo. Já passou por ajustes em períodos anteriores, mas ainda é sensível, por exemplo, ao desempenho ruim de um único papel da carteira, como o caso OGX.
[2] A OGX, que já teve seus papéis negociados a mais de R$ 20, hoje os vê sendo negociados abaixo de R$ 1. Além disso, as ações da empresa têm enfrentado alta volatilidade devido às notícias e expectativas relacionadas à empresa. Isso tem influenciado o Ibovespa.
[3] O caso conhecido como a "bolha do alicate" envolveu uma suspeita de uso de informação privilegiada que valorizou as ações da Mundial em quase 3.000%.
Fonte: InfoMoney.
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