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sábado, 30 de maio de 2009

Governo Quer Tirar 10 Milhões da Informalidade


“Vale a pena ser legal”. Esse será o lema do governo federal para convencer 10 milhões de trabalhadores a saírem da informalidade e aderirem ao Microempreendedor Individual (MEI), uma nova classe do programa Simples Nacional (Supersimples) criada especialmente para atrair um grande grupo de profissionais que trabalha em salões de beleza, borracharias, chaveiros e outros pequenos negócios.

Esses trabalhadores compõem boa parte da chamada classe C, que hoje não têm acesso aos benefícios previdenciários, muitas vezes por medo da Receita Federal. Com o MEI, que começa a valer a partir de 1º de julho, eles estão formalizados por R$ 57,15 por mês, sendo R$ 51,15 para o INSS (11% do valor do salário mínimo); R$ 1 de ICMS, para o governo estadual; R$ 5 de ISS, para o município; e nada em impostos para o governo federal.

Segundo o ministro da Previdência Social, José Pimentel, o MEI vai permitir que os microempresários informais legalizem seu trabalho e, com isso, deixem de depender de agiotas para obter crédito em cooperativas ou mesmo em bancos.

Entre outras vantagens citadas por Pimentel para os trabalhadores e a população, estão a possibilidade de crescimento sem medo de ser pego pela Receita; acesso ao crédito; local certo para realizarem seus empreendimentos; e ganho de autoestima.

Benefícios
O acesso aos benefícios previdenciários é uma das principais vantagens do MEI, na opinião do ministro. Ele assinalou que, com o sistema, esses trabalhadores passam a estar automaticamente assegurados contra acidentes de trabalho e também serão imediatos os benefícios de pensão por morte e o auxílio reclusão.

Após 10 meses de contribuição, as trabalhadoras ganharão direito à licença-maternidade. Ao completar um ano de contribuição, os microempreendedores poderão obter auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Após 180 meses contribuindo, se tornam elegíveis até para a aposentadoria por idade.

Para aderir ao MEI, os empreendedores devem ter tido receita bruta de no máximo R$ 36 mil no ano anterior; ser optantes do Supersimples Nacional; não possuir filiais; não serem sócios de outra empresa; e exercerem ocupação típica do Simples Nacional, como bombeiro hidráulico, eletricista, manicure, costureira.

Secretário do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, apontou que só no estado há hoje 3,2 milhões de pessoas que podem aderir ao MEI. Afif lembrou ainda que o programa só terá pleno sucesso se estiver associado a uma melhora da concessão de microcrédito.

O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) louvou o avanço representado pelo programa, mas lembrou que, na medida em que a situação das empresas menores melhora, aumenta a distância entre elas e as médias e grandes empresas. Para ele, o País se vê diante do desafio do crescimento.

Esse desafio, disse, aterroriza os pequenos empreendedores. “O microempresário não pode crescer. Ele tem medo de crescer. Pois se isso acontece, os custos aumentam muito a partir de um determinado patamar e ele teme quebrar”, explicou.

Para o presidente da Confederação das Entidades de Micro e Pequenas Empresas (Comicro), José Tarcísio da Silva, que representou na audiência os trabalhadores, a principal vantagem do MEI não está na regulamentação das atividades com o fisco, mas sim na Previdência Social. “O que eles querem é a proteção do Estado, que hoje não têm”.

Fonte: Portal Classe Contábil.

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Para Entender os Novos Balanços

Por Ricardo Maciel*

Conhecer as diferenças e compreender os efeitos sobre as Demonstrações Contábeis das empresas em razão da nova legislação societária tornam-se elementos essenciais para a adequada avaliação pelos investidores da evolução de cada corporação. Diversas análises podem ser consideradas quanto aos potenciais efeitos decorrentes da adoção da Lei 11.638/2007 e das normas que a regulamentam (14 pronunciamentos já aprovados pelo CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis). Especialmente, levando-se em consideração que as mudanças promovem a convergência do padrão contábil brasileiro às Normas Internacionais de Contabilidade, ou IFRS - International Financial Reporting Standards.

Esses efeitos podem afetar significativamente os indicadores financeiros das empresas, assim como os acordos, contratos, empréstimos, bônus e participações pagas a empregados e executivos, que são efetuados tomando-se por base em tais indicadores. Os dividendos também podem sofrer variações, para cima ou para baixo, como resultado dos efeitos das novas normas contábeis sobre o lucro líquido das corporações, bem como em relação às avaliações baseadas no EBTIDA.

Dessa forma, é importante que os investidores façam análises detalhadas do Balanço Patrimonial, considerando tais efeitos sobre as contas mais relevantes. O aumento ou redução dos valores expressos nas contas patrimoniais decorrentes da adoção da Lei 11.638 e dos pronunciamentos técnicos (ou CPCs), assim como das normas em IFRS já referenciadas na convergência, podem ser demonstrados nas contas patrimoniais, somente para fins hipotéticos e de ilustração, conforme alguns exemplos:

Imobilizado: arrendamento mercantil financeiro (aumento de ativo e passivo); juros capitalizados sobre ativos em construção (aumento de ativo e do resultado líquido pelo não lançamento em despesas); adoção do impairment, ou deterioração (redução do ativo e do resultado líquido);

Intangíveis: ativos reclassificados do ativo diferido e ágio para os ativos intangíveis (aumento do ativo intangível e dedução do ativo diferido e investimentos); adoção do impairment ou deterioração (redução do ativo e do resultado líquido); amortização e baixa (diminuição do ativo e do resultado líquido);

Contas a receber: ajuste a valor presente (redução do ativo e do resultado);

Patrimônio líquido - reserva de capital (ajustes no resultado);

Lucros acumulados: resultado acumulado dos ajustes (aumento ou redução);

Empréstimos e financiamentos: decorrentes de arrendamentos capitalizados e reconhecidos a valor presente (aumento de ativo e passivo);

Instrumentos financeiros: decorrentes de derivativos embutidos em contratos híbridos firmados e mensurados a valor justo, assim como instrumentos financeiros classificados de acordo com o CPC 14 (aumento de passivo e de resultado).

Como se vê, o processo de convergência das normas contábeis locais para IFRS proporciona uma nova forma de apresentação das Demonstrações Contábeis das empresas, sendo que diversas ponderações devem ser consideradas, sejam na forma de entendimentos das normas internacionais, ou até mesmo abrangendo as divulgações ao mercado financeiro.

Compreender as mudanças e, a partir delas, construir um real e adequado retrato da situação das empresas em análise é um desafio essencial para o sucesso dos investimentos em ações ou em eventuais participações nas corporações, levando em consideração, inclusive, os efeitos de todas as normas internacionais que serão adotadas no breve futuro próximo.

A expectativa é que as Demonstrações Contábeis das empresas de capital aberto e das instituições financeiras tenham convergido plenamente às normas em IFRS ao final de 2010. Também as grandes corporações de capital fechado, que faturam mais de R$ 300 milhões ao ano, devem ter seus registros contábeis de acordo com as novas regras naquele mesmo prazo.

Conhecer essa evolução, que deve trazer transparência e melhorar a inserção das empresas nacionais no mercado global, é de suma importância para os investidores. Portanto, é tempo de projetar os futuros índices de balanço tomando-se por base as mudanças que em breve serão adotadas no Brasil tendo como referência as normas em IFRS.

* Consultor Internacional do BDO Trevisan.

Fonte: Portal Razão Contábil.

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terça-feira, 26 de maio de 2009

Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Contábeis em Campina Grande


A Universidade Estadual da Paraíba, a Executiva Paraibana dos Estudantes de Ciências Contábeis (EXEPECIC) e a Federação Nacional dos Estudantes de Ciências Contábeis (FENECIC) promovem, de 19 a 24 de julho, no Centro de Convenções do Garden Hotel, o 23º Encontro Nacional dos Estudantes de Ciências Contábeis (ENECIC).

Com o tema “Contabilidade e Tecnologia: mudanças e perspectivas na gestão da informação” o evento, que conta com a organização da Próxima Gestão de Eventos, foi concebido pelos estudantes paraibanos mediante a relevância da tecnologia da informação na Contabilidade.

“Com o avanço das novas tecnologias, nos deparamos com problemas cada vez mais complexos para o exercício da profissão contábil. Todas essas mudanças estão sendo impulsionadas pela informática. As empresas necessitam ,cada vez mais, de um bom sistema de informações contábeis para a aplicação de técnicas inteligentes na tomada de decisão”, explica o coordenador geral do evento e estudante de Ciências Contábeis da UEPB, Alexandre de Lima.

Segundo Alexandre, essa é a primeira vez que o ENECIC, um dos eventos mais importantes do país na área de Ciências Contábeis, é sediado em Campina Grande, e a segunda vez que é realizado na Paraíba. Ao todo serão seis dias de evento, entre palestras, grupos de trabalho, debates, apresentação de trabalhos científicos e programação cultural.

Dentre as atividades do ENECIC o destaque é o prêmio FENECIC que será concedido aos melhores artigos científicos, conforme regulamento disponível no site do evento. A premiação total será no valor de R$ 6 mil.

Os interessados em participar do ENECIC podem se inscrever pelo site www.enecic.org.br. De acordo com a organização do ENECIC, devem participar do evento cerca de 2 mil participantes de todo o país, entre estudantes e profissionais de Ciências Contábeis e áreas afins.

Outras informações: (83)8804-3007/8827-4540.

Fonte: UEPB.

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Novas Fusões Priorizam Sobrevivência de Empresas, Dizem Consultores

Sadia e Perdigão se uniram nesta semana e formaram a Brasil Foods.
Apesar de grandes negócios, número de transações diminui no país.

A crise financeira, que causou a quebra de bancos, fez empresas passarem do lucro ao prejuízo e derrubou a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2009, teve também efeitos visíveis no mercado de fusões e aquisições do Brasil.

Nos seis meses desde o agravamento da turbulência internacional – cujo início foi marcado pela falência do banco americano Lehman Brothers, em setembro do ano passado –, o número de negócios caiu, mas um novo padrão de fusões e aquisições foi estabelecido: mega-acordos que priorizam a sobrevivência de grandes negócios.


VEJA AS MAIORES FUSÕES E AQUISIÇÕES DO PAÍS NOS ÚLTIMOS ANOS

(Levantamento do G1, com dados da Anbid):

Empresas Envolvidas
Ano
Valor
R$ bi
Itaú e Unibanco (fusão) 2009 106,92
AmBev e Interbrew (fusão) 2004 87,04
Vale (compradora) e Inco 2006 35,82
BM&F e Bovespa (fusão) 2008 34,57
Santander (comprador) e Banco Real 2007 30,49
Gerdau (compradora) e Chaparral Steel Company 2007 8,51
Consórcio Big Jump Energy (comprador) e Namisa 2008 7,20
Submarino e Americanas.com (fusão) 2006 7,05
Quattor Participações (fusão de ativos da Unipar e Petrobras) 2008 6,81
Oi (compradora) e Brasil Telecom Participações 2009 6,37

Segundo consultores entrevistados pelo G1, três grandes fusões anunciadas nos últimos meses podem ser creditadas à necessidade de sobrevivência em um mercado em crise: VCP-Aracruz, Perdigão-Sadia e, indiretamente, Itaú-Unibanco.

Para especialistas, as uniões de VCP-Aracruz e da Sadia-Perdigão foram consequência das dificuldades financeiras de uma das partes envolvidas no negócio. No ano passado, tanto a Aracruz quanto a Sadia tiveram grandes perdas com operações de câmbio que apostavam na manutenção da baixa do dólar no país.

O resultado dessas operações fez com que a Aracruz registrasse prejuízo de R$ 4,1 bilhões no ano passado. A Sadia perdeu quase R$ 2,5 bilhões, registrando o primeiro resultado negativo de seus mais de 60 anos de história.

Para o coordenador do Núcleo de Estratégia e Gestão Empresarial da Fundação Dom Cabral, Aldemir Drummond, a crise pode favorecer negócios ao criar “alvos fáceis” para as concorrentes.

“(É o caso de) empresas que tomaram tombos, como a Sadia (e) a Aracruz, que fizeram operações financeiras que deram errado.”

“A Sadia vinha namorando com a Perdigão, queria comprar fazia tempo, e acabou sendo obrigada a se juntar a ela. A Aracruz foi vítima do mesmo problema”, afirma o especialista em fusões e aquisições Marco Aurélio Militelli, da Militelli Business Consulting.

Para ele, essas duas fusões se deram por “motivos não-ortodoxos”, ou seja, a união ocorreu pela força das circunstâncias.

Para Nicholas Barbarisi, sócio e diretor de operações da Hera Investment, a fusão de Itaú-Unibanco, iniciada no ano passado, também foi acelerada pela crise, que colocou pressão sobre o setor bancário.

O consenso do mercado é que, com a desconfiança em nível máximo, os bancos precisavam mostrar que podiam se manter firmes durante a turbulência financeira.

Quantidade de negócios

Se a crise proporcionou grandes fusões e aquisições, também trouxe uma redução de 29,2% do número de negócios no primeiro trimestre de 2009, em relação a janeiro a março do ano passado – segundo a KPMG, a quantidade de transações caiu de 140 para 99.

De acordo com Luís Motta, sócio na área de assessoria em fusões e aquisições da KPMG, em termos quantitativos, a crise afetou o setor. No ano passado, com a freada brusca do mercado no quarto trimestre, o número de negócios ficou em 663, abaixo dos 699 registrados em 2007.

Para Motta, o resultado tende a melhorar ao longo de 2009. “Não tenho fatos para dar, mas o número de discussões e consultas que a gente tem a respeito disso aumentou aqui na KPMG. (...) Pouco a pouco vai despertando um movimento, mas (ele se intensificará) no terceiro e no quarto trimestres”, ressalta.

Resultado positivo

Apesar dos percalços, Drummond diz que as fusões e aquisições têm sido importantes para a internacionalização das empresas brasileiras e para sua sobrevivência dentro do país. Segundo ele, os dez últimos anos foram um período em que o Brasil passou por uma “até bem sucedida” integração com a economia internacional.

Para o sócio da Hera Investimentos, a formação da Ambev, em 1999, pode ser considerada um marco do processo de união de empresas no país, não só por ter nascido a partir de duas marcas famosas (Brahma e Antarctica), mas pela proporção que tomou posteriormente, com a associação com a belga Interbrew e a compra da americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser.

“Isso significa (...) empresas estrangeiras querendo fazer comércio e uma inserção maior também de brasileiras no exterior. E quando você tem uma competição num nível maior, a empresa precisa de maior porte para fazer isso. E no caso da competição interna, se (as empresas) não se fundissem, seriam provavelmente compradas por estrangeiras, como aconteceu muito no setor de autopeças”, diz Drummond, da Fundação Dom Cabral.

Tendência

A união de empresas, de acordo com o especialista Marco Aurélio Militelli, continuará a ser uma tendência no mercado brasileiro porque é uma forma de as empresas melhorarem sua posição no mercado ganhando poder de compra e de barganha em qualquer nível.

"É comum as empresas menores se juntarem em cooperativas ou se agruparem centrais de compras, ganhando competitividade", frisa.

A tendência das megafusões chega no Brasil com certo atraso, em comparação aos países desenvolvidos, segundo o consultor.

"O Brasil foi inclusive um dos últimos mercados a ter o movimento de megafusão. (...) O mercado amadureceu e estava realmente com esse tipo de necessidade."


Fonte: G1.

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sadia e Perdigão Criam Gigante de Alimentos e Assustam Varejistas

Brasil Foods nasce com R$ 10,4 bilhões em dívidas, mas emitirá ações para levantar capital

A união de Sadia e Perdigão criou a maior processadora de carne de frango do mundo e a décima maior companhia do setor de alimentos das Américas - números que assustaram os varejistas. Temendo o nivelamento de preços e prazos, o setor já se prepara para diversificar, abrindo espaço para marcas menores.

Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da Sadia, apressou-se a afirmar que a Brasil Foods, como foi batizada a nova companhia, não irá elevar preços. A companhia nasce com uma dívida de R$ 10,4 bilhões, mas espera reforçar seus caixa com a emissão de R$ 4 bilhões em ações.


Fonte: Portal Exame.

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sábado, 23 de maio de 2009

A Lista de Clubes Que Mais Faturam no Brasil


A consultoria Casual Auditores acaba de divulgar a lista dos clubes de maior receita no Brasil. O ranking se refere a 2008, pois se baseia nos balanços financeiros dos clubes, publicados nas últimas semanas e referentes ao último ano fiscal. Isso ajuda a explicar uma surpresa do ranking - a queda do Corinthians do terceiro para o quinto lugar, provicada pela perda de receita que a queda para a Série B acarretou. Espera-se que no ranking de 2009, com a contratação de Ronaldo e a volta à Série A, a posição do Corinthians mude bastante.

Outra novidade do ranking é a ascensão surpreendente da Portuguesa de Desportos, que chegou ao 13º lugar, mais que triplicando seu faturamento em relação a 2007. Isso se deve, claro, em grande parte às cotas de TV da Série A, no ano passado. Como a Lusa caiu, esse valor também deve cair em 2008, mas é um sintoma de que a Portuguesa voltou a figurar no grupo dos clubes mais ricos. É forte candidata a voltar à Série A em 2010.


No todo, segundo Amir Somoggi, responsável pela elaboração do ranking, a receita dos grandes clubes brasileiros cresceu 6%. Ele apontou como destaques do ano, além da Portuguesa, os seguintes clubes: Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Coritiba e Cruzeiro.


Fonte: Revista Época

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Muito Além do Balanço

Capacidade de inovação, força da marca, competência dos executivos. A partir de setembro, o BNDES vai avaliar também ativos intangíveis como esses antes de liberar empréstimos para empresas brasileiras

Ao longo de seus quase 60 anos de história, o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmou-se como a principal fonte de crédito de empresas brasileiras. Em 2008, a instituição emprestou 87 bilhões de reais a companhias instaladas no país. Em setembro, porém, o tradicional sistema usado pelo banco para avaliar e decidir que empresas receberão recursos (e com qual taxa de juro) sofrerá uma profunda transformação. Em vez de se concentrar no desempenho financeiro das companhias que pedem empréstimo, o BNDES passará a levar em conta também os chamados ativos intangíveis. Assim, quesitos como a capacidade de inovação, o relacionamento com stakeholders e os riscos ambientais inerentes ao negócio responderão por pelo menos 50% do peso da avaliação que o banco fará da companhia. Num momento como o da crise atual, em que as instituições financeiras estão obcecadas por garantias reais, pode parecer paradoxal que o banco dê tanta importância ao valor intangível que há em cada empresa. Mas, para a instituição, essa é justamente uma maneira de diminuir seu risco. "A crise mostrou que a forma tradicional de avaliar empresas falhou", diz Eduardo Rath Fingerl, diretor de mercado de capitais do BNDES e idealizador do novo sistema. "Os ativos importantes para a geração de valor hoje não estão no balanço."

Desenvolvida em parceria com a Coppe, centro de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a nova metodologia vai avaliar um universo de quase 700 empresas que recebem anualmente financiamentos diretos do BNDES - em 2008, esse grupo levou 42 bilhões de reais em recursos, quase metade de tudo o que o banco emprestou. (Companhias que recebem recursos do banco por meio de outras instituições financeiras não serão submetidas a esse tipo de análise.) Até agora, o BNDES atualizava periodicamente as notas dessas empresas com base no balanço e numa avaliação qualitativa feita por técnicos de sua área de crédito. Com o novo sistema, os técnicos passarão a aplicar um extenso questionário com 80 perguntas sobre temas que vão da frequência das reuniões de diretoria sobre a estratégia seguida à qualidade dos treinamentos dados aos funcionários. Essa metodologia foi testada num grupo de 40 empresas e avaliará outras 60 nos próximos três meses, numa espécie de projeto piloto. Uma delas é a prestadora de serviços de tecnologia Totvs, que recebeu em 2008 dois empréstimos do BNDES no valor total de 360 milhões de reais. O dinheiro saiu em três meses - metade do tempo usual. "Nossa grande vantagem é a propriedade intelectual. Quando isso entrou nos cálculos do banco, o resultado foi uma velocidade muito maior na decisão de liberar os recursos", diz Laércio Cosentino, presidente da Totvs. Também estão no grupo de empresas avaliadas a fabricante de papel e celulose Suzano, que publica um relatório anual sobre intangíveis desde 2004 e é tradicional cliente do banco, e companhias como a paulista Genoa, com atuação na área de biotecnologia e faturamento de 3 milhões de reais em 2008. "A vantagem de se expor tanto é que o banco passa a ter uma visão mais objetiva de como sua empresa funciona e você tem uma chance de ser mais bem avaliado", diz Luiz Câmara Lopes, presidente da Genoa. A expectativa do mercado é que esses novos critérios afetem principalmente o custo de captação dos recursos. "Para companhias muito dependentes de fatores como capital humano e tecnologia, as taxas de juro podem cair", diz Armando Castelar, economista da Gávea Investimentos.

A iniciativa do BNDES é pioneira no mundo, mas segue uma tendência já apontada por instituições como o Banco Mundial e o Federal Reserve, banco central americano, que já estudam o peso dos ativos intangíveis. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 55% da riqueza gerada no mundo em 2002 dependia de atividades ligadas a pesquisa e inovação, e não a processos industriais. "Ao transformar essa discussão em algo prático, o BNDES está proporcionando um avanço inédito", diz o americano Jonathan Low, um dos mais reconhecidos especialistas do mundo em valores intangíveis e autor do livro Vantagem Invisível. Para o professor do Coppe Marcos Cavalcanti, que participou da criação do novo método do BNDES, a partir de agora, as empresas precisarão se adaptar a uma nova realidade. "A lógica de produzir riqueza mudou, e a de gerenciar empresas também precisa mudar. Quem já faz a gestão de intangíveis está muito mais preparado para competir daqui para a frente."


Fonte: Revista EXAME

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