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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Auditorias São Alvo de Críticas em Meio à Crise Bancária Grega


Auditorias e agências fiscalizadoras estão sendo criticadas por terem permitido que instituições financeiras europeias assumissem abordagens totalmente divergentes na depreciação contábil de títulos do governo gregos.

As críticas surgem em meio a alegações de que algumas seguradoras e bancos deveriam reportar maiores prejuízos do que os reconhecidos em seus recentes resultados divulgados para o primeiro semestre.

"Os auditores não impuseram uma abordagem coerente para todos os seus clientes", disseram analistas da J.P. Morgan Cazenove em relatório que chama a atenção para a maneira como algumas instituições financeiras importantes rebaixaram à metade o valor de suas carteiras de títulos de dívida soberana grega, ao passo que outras reduziram seu valor em apenas 20%.

Algumas dessas firmas que reportaram prejuízos menores o fizeram após argumentar não ter havido negócios com dívida do governo grego em número suficiente para sugerir um preço de mercado confiável, o que então lhes permitiria usar uma técnica de avaliação controvertida alternativa denominada "marcação baseada em modelo".

O "Financial Times" informou na segunda-feira que a International Accounting Standards Board (IASB), que escreveu as regras contábeis relevantes, opôs-se à utilização desse método para avaliar a dívida grega, após vê-lo implantado em França.

Em carta reservada, posteriormente publicada pela IASB, Hans Hoogervorst, seu presidente, disse: "É difícil imaginar haver compradores dispostos a adquirir esses títulos aos preços sugeridos pelos modelos de avaliação que estão sendo usados."

"Não creio que a remarcação baseada em modelos possa ser justificada no contexto da avaliação dos títulos gregos", concordou Peter Elwin, especialista em contabilidade responsável pelo relatório da J.P. Morgan Cazenove. Ele disse ter havido suficiente volume de negócios com títulos para a obtenção de uma referência de mercado precisa, ainda que "você possa não gostar dos preços".

Na esteira da divulgação das preocupações do IASB, algumas instituições financeiras francesas defenderam, na terça-feira, o uso da remarcação baseada em modelos. O BNP Paribas disse ter "provisionado contra sua exposição grega em pleno acordo com seus auditores e com autoridades competentes", e em conformidade com os termos da segunda operação de socorro à Grécia anunciada no mês passado. Os preços de mercado não eram representativos de um mercado líquido, acrescentou o Paribas.

A seguradora CNP Assurances disse que seus próprios encargos assumidos em função do rebaixamento de valor dos títulos gregos estão "em conformidade com o acordo [de socorro] de 21 de julho e foram validados pelos auditores". O Credit Agricole, um outro banco francês, também defendeu a abordagem.

Elwin não acredita que as firmas de auditoria devam arcar totalmente com a culpa pela discrepâncias que emergiram depois que seguradoras e bancos reportaram resultados para o primeiro semestre de 2011. "O tratamento desigual é resultado de discussões entre auditores, clientes, e, possivelmente, agências regulamentadoras em toda a Europa", disse ele.

Auditores não quiseram comentar sobre a depreciação da dívida grega, citando confidencialidade de suas relações com clientes. Em particular, porém, contadores seniores reclamaram da regulamentação incoerente. "Não houve consenso entre as entidades regulamentadoras", disse um deles.

A Autoridade Europeia para Valores Mobiliários e Mercados (ESMA), agência fiscalizadora do mercado na União Europeia, também foi criticado por alguns contadores por não dar uma orientação mais firme a todas as instituições na UE sobre o rebaixamento do valor da dívida soberana grega. Na terça-feira, a ESMA disse estar investigando as diferentes abordagens.

Fonte: Valor Econômico.

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