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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Câmbio e Indústria




Mas outra parte da academia desconsidera esses argumentos por não efeito estatístico concreto dessa relação e também porque a apreciação cambial diminui os custos dos insumos e beneficia o consumidor final, que pode ter acesso a produtos mais baratos.

Como se vê, há bons argumentos para ambos os lados e todos não deixam de ter sua razão. Mas como tudo na vida e em economia, o que estraga são os excessos. Uma taxa de câmbio excessivamente apreciada pode sim afetar a produção industrial através de uma competição intensa com os importados.

A briga sempre é sobre qual é esse limite; qual a taxa de câmbio que de fato poderia começar a afetar a indústria. Até agora, a taxa de câmbio não parecia de fato ser um fator inibidor para a indústria, principalmente porque nos lembramos de 2008 quando o câmbio apreciou ao mesmo tempo em que a indústria cresceu. O problema é que as comparações em economia são perigosas.

Em 2008, houve um crescimento rápido e intenso da economia, mais rápido do que vimos agora em 2010. Ao mesmo tempo, a taxa real de câmbio estava num patamar 9% maior em 2008 em relação a 2010, considerando o ano de 2008 antes do início da crise americana. Mais ainda, desde o início de 2010 o câmbio real está mais baixo do que o piso atingido em 2008.

Como a economia está crescendo num ritmo um pouco menos intenso do que naquele momento, não haveria espaço para crescimento tanto da indústria quanto das importações. Além disso, há um aumento de custo de mão-de-obra que começa a aparecer mais intensamente.

Há falta generalizada de gente qualificada, o que pressiona os salários e os custos das empresas. Isso incentiva ainda mais a importação de insumos, por exemplo, como forma de compensar esse aumento de custos.

Continua sendo verdade que por mais que a indústria possa sofrer com o câmbio, o consumidor se beneficia cada vez mais. O resultado se vê em preços de produtos comercializáveis com o exterior mais baixos.

Mas a preocupação da indústria se torna mais relevante porque 2011 deverá ser ano de crescimento menor do que agora e o mundo continuará com nível de atividade fraco, o que significa que nossas exportações não terão muito espaço. Junta-se a isso um sempre crescente custo logístico, não resolvido pelo governo.

Mas estamos longe de dizer que há um processo estrutural de desindustrialização em curso. A apreciação cambial tem um efeito conjuntural, dependendo de movimentos do dólar frente a outras moedas, e dificilmente permanecerá muito tempo num patamar muito baixo.

Não porque o governo fará alguma mágica, mas porque o déficit em conta corrente tende a começar a assustar a partir de 2011. Se tiver prosseguimento a história brasileira de resolver os problemas só durante as crises, é provável que um balanço de pagamentos mais apertado gradualmente faça o ajuste no câmbio nos próximos anos.

Fonte: Brasil Econômico.

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