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terça-feira, 26 de maio de 2009

Novas Fusões Priorizam Sobrevivência de Empresas, Dizem Consultores

Sadia e Perdigão se uniram nesta semana e formaram a Brasil Foods.
Apesar de grandes negócios, número de transações diminui no país.

A crise financeira, que causou a quebra de bancos, fez empresas passarem do lucro ao prejuízo e derrubou a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2009, teve também efeitos visíveis no mercado de fusões e aquisições do Brasil.

Nos seis meses desde o agravamento da turbulência internacional – cujo início foi marcado pela falência do banco americano Lehman Brothers, em setembro do ano passado –, o número de negócios caiu, mas um novo padrão de fusões e aquisições foi estabelecido: mega-acordos que priorizam a sobrevivência de grandes negócios.


VEJA AS MAIORES FUSÕES E AQUISIÇÕES DO PAÍS NOS ÚLTIMOS ANOS

(Levantamento do G1, com dados da Anbid):

Empresas Envolvidas
Ano
Valor
R$ bi
Itaú e Unibanco (fusão) 2009 106,92
AmBev e Interbrew (fusão) 2004 87,04
Vale (compradora) e Inco 2006 35,82
BM&F e Bovespa (fusão) 2008 34,57
Santander (comprador) e Banco Real 2007 30,49
Gerdau (compradora) e Chaparral Steel Company 2007 8,51
Consórcio Big Jump Energy (comprador) e Namisa 2008 7,20
Submarino e Americanas.com (fusão) 2006 7,05
Quattor Participações (fusão de ativos da Unipar e Petrobras) 2008 6,81
Oi (compradora) e Brasil Telecom Participações 2009 6,37

Segundo consultores entrevistados pelo G1, três grandes fusões anunciadas nos últimos meses podem ser creditadas à necessidade de sobrevivência em um mercado em crise: VCP-Aracruz, Perdigão-Sadia e, indiretamente, Itaú-Unibanco.

Para especialistas, as uniões de VCP-Aracruz e da Sadia-Perdigão foram consequência das dificuldades financeiras de uma das partes envolvidas no negócio. No ano passado, tanto a Aracruz quanto a Sadia tiveram grandes perdas com operações de câmbio que apostavam na manutenção da baixa do dólar no país.

O resultado dessas operações fez com que a Aracruz registrasse prejuízo de R$ 4,1 bilhões no ano passado. A Sadia perdeu quase R$ 2,5 bilhões, registrando o primeiro resultado negativo de seus mais de 60 anos de história.

Para o coordenador do Núcleo de Estratégia e Gestão Empresarial da Fundação Dom Cabral, Aldemir Drummond, a crise pode favorecer negócios ao criar “alvos fáceis” para as concorrentes.

“(É o caso de) empresas que tomaram tombos, como a Sadia (e) a Aracruz, que fizeram operações financeiras que deram errado.”

“A Sadia vinha namorando com a Perdigão, queria comprar fazia tempo, e acabou sendo obrigada a se juntar a ela. A Aracruz foi vítima do mesmo problema”, afirma o especialista em fusões e aquisições Marco Aurélio Militelli, da Militelli Business Consulting.

Para ele, essas duas fusões se deram por “motivos não-ortodoxos”, ou seja, a união ocorreu pela força das circunstâncias.

Para Nicholas Barbarisi, sócio e diretor de operações da Hera Investment, a fusão de Itaú-Unibanco, iniciada no ano passado, também foi acelerada pela crise, que colocou pressão sobre o setor bancário.

O consenso do mercado é que, com a desconfiança em nível máximo, os bancos precisavam mostrar que podiam se manter firmes durante a turbulência financeira.

Quantidade de negócios

Se a crise proporcionou grandes fusões e aquisições, também trouxe uma redução de 29,2% do número de negócios no primeiro trimestre de 2009, em relação a janeiro a março do ano passado – segundo a KPMG, a quantidade de transações caiu de 140 para 99.

De acordo com Luís Motta, sócio na área de assessoria em fusões e aquisições da KPMG, em termos quantitativos, a crise afetou o setor. No ano passado, com a freada brusca do mercado no quarto trimestre, o número de negócios ficou em 663, abaixo dos 699 registrados em 2007.

Para Motta, o resultado tende a melhorar ao longo de 2009. “Não tenho fatos para dar, mas o número de discussões e consultas que a gente tem a respeito disso aumentou aqui na KPMG. (...) Pouco a pouco vai despertando um movimento, mas (ele se intensificará) no terceiro e no quarto trimestres”, ressalta.

Resultado positivo

Apesar dos percalços, Drummond diz que as fusões e aquisições têm sido importantes para a internacionalização das empresas brasileiras e para sua sobrevivência dentro do país. Segundo ele, os dez últimos anos foram um período em que o Brasil passou por uma “até bem sucedida” integração com a economia internacional.

Para o sócio da Hera Investimentos, a formação da Ambev, em 1999, pode ser considerada um marco do processo de união de empresas no país, não só por ter nascido a partir de duas marcas famosas (Brahma e Antarctica), mas pela proporção que tomou posteriormente, com a associação com a belga Interbrew e a compra da americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser.

“Isso significa (...) empresas estrangeiras querendo fazer comércio e uma inserção maior também de brasileiras no exterior. E quando você tem uma competição num nível maior, a empresa precisa de maior porte para fazer isso. E no caso da competição interna, se (as empresas) não se fundissem, seriam provavelmente compradas por estrangeiras, como aconteceu muito no setor de autopeças”, diz Drummond, da Fundação Dom Cabral.

Tendência

A união de empresas, de acordo com o especialista Marco Aurélio Militelli, continuará a ser uma tendência no mercado brasileiro porque é uma forma de as empresas melhorarem sua posição no mercado ganhando poder de compra e de barganha em qualquer nível.

"É comum as empresas menores se juntarem em cooperativas ou se agruparem centrais de compras, ganhando competitividade", frisa.

A tendência das megafusões chega no Brasil com certo atraso, em comparação aos países desenvolvidos, segundo o consultor.

"O Brasil foi inclusive um dos últimos mercados a ter o movimento de megafusão. (...) O mercado amadureceu e estava realmente com esse tipo de necessidade."


Fonte: G1.

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