Informações sobre Contabilidade, Atuária, Economia e Finanças.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O Resgate Bilionário do Submarino (B2W)


Poucas empresas souberam navegar (e sobreviver) aos tempos heroicos do comércio eletrônico no Brasil, no fim dos anos 1990, como o Submarino. Um dos pioneiros da atividade, criado em 1999, sete anos depois uniu-se à Americanas.com, dando origem à B2W, maior operação online de compras do País. Naquela época, as duas companhias detinham 70% do mercado, beneficiando-se da falta de concorrentes de maior porte e da maneira titubeante com que os varejistas tradicionais aderiram às vendas pela internet. Eram tempos de vento a favor. 

Entre 2006 e 2010, a receita líquida da companhia foi multiplicada por 2,5 vezes, quando chegou a R$ 4 bilhões. Nesse período, o lucro vinha fácil. Os ganhos somados atingiram R$ 216,6 milhões. Nos últimos quatro anos, no entanto, a B2W passou a enfrentar águas turbulentas. De máquina de fazer dinheiro e referência do comércio virtual, a dona das marcas Submarino, Americanas.com e ShopTime transformou-se na ovelha negra da constelação de empresas dos lendários empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que a controlam indiretamente. 

Os três empreendedores são donos ainda da rede varejista Lojas Americanas, estão no grupo de controle da cervejaria AB InBev, que fabrica a Budweiser, e, por meio do fundo 3G Capital, mandam na rede de fast-food Burger King e na fabricante americana de ketchups Heinz. Nesta última, em sociedade com o megainvestidor americano Warren Buffett. De 2011 a 2013 (incluídos apenas os nove primeiros meses do ano passado), o prejuízo acumulado da B2W atingiu R$ 408,9 milhões. Seu faturamento nesses três anos avançou 38%, para estimados R$ 5,8 bilhões, em 2013. É um desempenho interessante, porém abaixo do ritmo de expansão do setor, que cresceu 54% no mesmo período. 

A fatia de mercado, quase monopolística, quando a empresa foi criada, definhou para a casa dos 20%. O Submarino, enfim, ficou para trás na corrida pela preferência dos clientes. Seria a hora de Lemann, Telles e Sicupira abandonarem o barco, antes do naufrágio? Em 24 de janeiro, a trinca de empresários demonstrou que não resolveu ampliar sua aposta na problemática operação de comércio eletrônico. Ao mesmo tempo, eles reforçaram a tripulação ao atrair para o negócio o fundo de investimento Tiger Global, do financista Chase Coleman, considerado um garoto prodígio e aclamado por muitos como o Buffett da nova geração. 

Juntos, eles anunciaram uma capitalização de R$ 2,38 bilhões – a segunda feita em três anos (em 2011, a Lojas Americanas, a controladora da companhia, injetou R$ 1 bilhão). Lemann e seus sócios colocarão R$ 1 bilhão na B2W, através da Lojas Americanas. O valor do aporte da Tiger varia de R$ 459 milhões a R$ 1,2 bilhão, a depender da adesão dos acionistas minoritários, o que pode lhe dar acesso a uma fatia de até 19% do capital. A notícia da capitalização fez as ações da B2W dispararem mais de 50%. O banco de investimento Credit Suisse, em um relatório, chamou a operação de um “divisor de águas”.

Esse otimismo fez o valor de mercado da companhia digital chegar a R$ 3,6 bilhões, o mais alto desde 2011. Mesmo assim, continua distante dos R$ 10,5 bilhões alcançados em outubro de 2007. Não é difícil entender a euforia do mercado com o dinheiro novo que vai entrar no caixa da maior varejista virtual brasileira. “O dinheiro deve ser usado para diminuir o custo de alavancagem da empresa”, afirma Daniela Martins, analista da Concórdia Corretora. Explica-se: apesar de ter uma dívida líquida de R$ 1 bilhão, o equivalente a 2,7 vezes a sua geração de caixa, a companhia conta com uma despesa financeira elevada, responsável pelos milionários prejuízos que vêm acumulando nos últimos três anos. 

Resolvido esse problema, estaria aberta uma oportunidade de ouro para que a B2W retorne ao lucro. A Votorantim Corretora, por exemplo, acredita que o balanço possa voltar ao azul até mesmo em 2014. A Bradesco Corretora foi mais conservadora. Em seu relatório avalia que isso só acontecerá em 2015. De qualquer forma, o prejuízo estimado de R$ 164 milhões, em 2014, foi reduzido para R$ 59 milhões, em razão do aporte. O Bank of America Merril Lynch estima perdas de R$ 31 milhões neste ano, queda de 76% sobre a previsão anterior antes da capitalização.

Fonte: Isto é.

0 comentários:

Postar um comentário

Indicadores de Câmbio

Indicadores de Juros

Indicadores de Inflação

Siga este Blog

Número de Visitas

Indique Este Blog

CLIQUE AQUI!
Orleans Silva Martins. Tecnologia do Blogger.