Plano Real: Os 15 Anos de uma Conquista
Além de colocar o Brasil no rol dos países que conseguiram adotar uma política monetária responsável, o Real inaugura um marco para o consumo no Brasil e um estímulo ao crescimento econômico. “A inflação distorcia o planejamento das empresas e do governo, além de penalizar a população mais pobre. O aumento constante dos preços era como um imposto corroendo diariamente o poder de compra do salário”, diz Jorge Jatobá, economista da Ceplan - Consultoria Econômica e Planejamento.
Com os preços estáveis e aumento da oferta de crédito, o brasileiro conseguiu comprar bens como TVs, geladeiras, lavadoras e celulares. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o número de geladeiras nos lares do País passou de 71,8% (em 1993) para 91,4% em 2007.
O vice-presidente da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes), Djalma Cintra Júnior, frisa que o Plano Real obrigou o varejo a aprender a operar sem inflação. “Nos tempos de inflação alta, o mais importante era comprar certo. Já com a moeda estável foi preciso pensar na gestão como um todo, incluindo RH, área comercial e administração”, observa. Os supermercados chegavam a fazer remarcações diárias de preços e as donas de casa pareciam estar na guerra, inclusive fazendo compras em atacado para estocar.
POLÍTICA
No campo da política, o Plano Real foi acusado pela oposição (liderada na época por Lula) de se tratar de um estelionato eleitoral. O PT combatia o plano, bradando que ele funcionaria como cabo eleitoral de Fernando Henrique Cardoso, captando votos para a sua primeira eleição presidencial, em 1998. O sociólogo tinha sido o quarto ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e um dos pais da iniciativa. Os oposicionistas defendiam que após o processo eleitoral, o Real faria água e a inflação voltaria. “Os que apontaram o Real como um plano eleitoreiro tiveram que engolir a seco, porque ele cumpriu o seu objetivo de acabar com um longo período de hiperinflação depredadora do poder de compra da população”, diz Jorge Jatobá.
“O Real também foi responsável por colocar o Brasil no conjunto dos países que fazem política econômica de forma séria. Passamos a ter uma política fiscal e monetária responsável e isso foi um ganho importante para a nação”, destaca o professor do Departamento de Economia da UFPE, Gustavo Maia Gomes. O economista, que participou das discussões sobre a implantação do Real nos anos 90, avalia que o governo Lula tem sido responsável na condução da macroeconomia, mesmo tendo sido contrário ao plano. Durante a gestão petista na Presidência da República, a inflação tem se mantido na casa de um dígito.
No ano passado, o índice fechou em 5,90% e para este ano, as estimativas apontam para uma taxa de 4,20%. “Não temos uma inflação como a dos Estados Unidos, de 2,3%, mas estamos num patamar aceitável para um país em desenvolvimento e abaixo do índice de outras nações emergentes”, defende Jatobá. Desde a Proclamação da República, o Brasil teve nove moedas (veja arte). Ao longo dos 15 anos do Real, a inflação acumulada é de 244,86%. Que perdure a estabilidade econômica.
Fonte: Jornal do Commercio.
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