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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Futebol e Finanças: Economistas Entram em Campo

Clubes de futebol recorrem a profissionais do mercado para sanar finanças em frangalhos. Mas como conciliar economia com paixão?


1.O PRESIDENTE: Belluzzo participou da vida política do Palmeiras no passado, mas não ajustou o caixa. Vai conseguir?
2.O DOADOR: Cantidiano é um dos notáveis convocados para resgatar as dívidas de R$ 300 milhões do Vasco
3.O MECENAS: o vascaíno Zagury quer a colaboração dos torcedores para salvar as finanças do clube
4.O SALVADOR: Rosenberg colocou R$ 13 milhões em caixa, mas a falta de patrocínio atrapalha o Corinthians


OS NOMES A SEGUIR PODERIAM ESTAR na equipe econômica de qualquer empresa ou governo: Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário do Ministério da Fazenda, Luís Paulo Rosenberg, ex-assessor do Ministério do Planejamento, Isac Zagury, ex-diretor do BNDES e da Aracruz, José Hamilton Mandarino, exdiretor de planejamento do BNDES e Sérgio Landau, ex-presidente da Light. Mas todos eles foram escalados para resolver problemas ligados diretamente à maior paixão do brasileiro: seu clube de futebol. Por isso toparam assumir cargos de comando em seus times. A disputa, nesse caso, estará concentrada nos números - e números muito negativos. Estudo da Casual Auditores, baseado nos balanços publicados no ano passado, contabiliza em R$ 2,6 bilhões o passivo dos 21 principais times brasileiros. Só com a União, os 15 maiores devedores totalizam R$ 1,35 bilhão em passivos, de acordo com a Previdência Social. E este ano a partida começa em desvantagem. As transferências de atletas para o mercado internacional, uma das principais fontes de receita dos clubes, está em baixa com a crise econômica mundial.

A crise também prejudicou os planos para a captação de patrocínio. O projeto de marketing para o Corinthians, elaborado por Luís Paulo Rosenberg, empacou, depois de um início promissor. No ano passado, a negociação direta de cotas de tevê e diversas ações voltadas para o torcedor resultaram em um superávit de R$ 13 milhões até novembro. "Essa é a lógica econômica, não uma revolução no futebol", diz Rosenberg. Mas, neste ano, o clube enfrenta dificuldades para manter as contas em dia, devido à demora em encontrar um novo patrocinador. A busca pelo equilíbrio no orçamento já é uma mudança de postura em relação às práticas tradicionais do futebol. "A gestão profissional é a única maneira de acabar com o atual modelo de gestão dos clubes, que ameaça sua sobrevivência", diz Sérgio Landau, que assumiu a gestão financeira do Botafogo. Contratado em tempo integral, Landau busca a melhoria administrativa do clube, com orçamento controlado e metas preestabelecidas. "Não é diferente de uma empresa privada: tudo está focado no resultado financeiro", resume ele.


A grande dificuldade para os economistas é não deixar que o torcedor prejudique o profissional. "O maior desafio é evitar que a paixão ofusque a visão na hora de avaliar o real potencial do negócio", diz Amir Somoggi, especialista em gestão de futebol da Casual. Belluzzo, eleito presidente do Palmeiras em janeiro, colaborou com diversas diretorias que não souberam administrar o patrimônio. E isso gera cobranças constantes. Já o Vasco da Gama rompeu radicalmente com a gestão anterior. Com um rombo estimado em R$ 300 milhões em 2008, o novo presidente, Roberto Dinamite, entregou a Mandarino o dia-a-dia da direção financeira. E recebeu o reforço de uma comissão encabeçada por Isac Zagury na busca de soluções para evitar a falência. A primeira providência de Zagury, que se defende de um processo pela perda de US$ 2,1 bilhões da Aracruz no mercado de derivativos, foi convocar vascaínos notáveis como o advogado Luiz Leonardo Cantidiano, ex-presidente da CVM. O objetivo é criar um grupo cuja única função é se reunir com credores e comprar as dívidas do Vasco. "Uma empresa deve ter a relação entre a dívida e o patrimônio líquido saudável", diz Zagury. No futebol, por enquanto, a dívida ganha de goleada.


MÁRCIO KROEHN
Publicado em 2008.

Fonte: IstoÉ Dinheiro.

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