Informações sobre Contabilidade, Atuária, Economia e Finanças.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Empurrão Contábil no Lucro da Petrobrás


Uma mudança na contabilidade da Petrobrás, adiando os efeitos da desvalorização do real, elevou em quase R$ 8 bilhões os ganhos da empresa no segundo trimestre, divulgados sexta-feira. O lucro líquido de R$ 6,2 bilhões superou o previsto pelos analistas, mas as cotações dos papéis da estatal oscilaram muito na Bolsa ontem. Eliminados os efeitos tributários, o lucro teria sido uma fração dos R$ 7,69 bilhões do primeiro trimestre.

A alteração contábil é permitida, mas as consequências não estão mensuradas. Em entrevista, ontem, o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, admitiu que a mudança poderá justificar aumento de R$ 600 milhões em dividendos às ações ordinárias. Como a União é a controladora, será a maior beneficiária. A estatal espera que a mudança contábil ajude a captação externa, mas, por ora, isso é difícil de avaliar. A empresa captou US$ 15,1 bilhões neste ano e não precisa de mais dinheiro em 2013.

Houve aspectos positivos no balanço, como a diminuição da importação de derivados em relação ao primeiro trimestre. O programa de eficiência no refino gerou ganhos de US$ 1,2 bilhão e o de redução de custos operacionais deverá gerar economia de R$ 3,8 bilhões, no ano.

Mas os resultados do segundo trimestre dependeram da venda de ativos na África para o Grupo BTG, com ganho líquido de R$ 1,9 bilhão. Dois investimentos no Golfo do México foram vendidos por R$ 250 milhões. E a Petrobrás está operando com alavancagem crescente - a relação entre a dívida líquida e a capitalização líquida já chegou a 34%, próxima do teto definido pela estatal, de 35%.

A ameaça de desequilíbrio aumentará enquanto os preços dos combustíveis não forem reajustados, disse Barbassa. No primeiro trimestre, os prejuízos na área de abastecimento provenientes da venda subsidiada de derivados aos consumidores finais foi de R$ 4,2 bilhões, caindo para R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre. Os analistas se dividiram: Paulo Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, não gostaram dos números; outros, do Credit Suisse, destacaram a estabilização dos custos de extração, em US$ 15 o barril.

É notória a dificuldade da gestão Graça Foster de sanear problemas velhos, entre eles o custo da Refinaria Abreu e Lima, dívidas elevadas em moeda estrangeira, preços subsidiados, queda da produção e da exportação, prejuízos com a Refinaria de Pasadena, além da ameaça ao pré-sal - preços menores do bruto com a exploração do xisto americano.

Fonte: O Estadão.

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Petrobrás e Braskem Terão de Explicar Balanços


A adoção da contabilidade de hedge (proteção) por companhias abertas para reduzir o impacto da alta do dólar nos resultados do segundo trimestre está sendo apurada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O regulador pediu explicações para pelo menos dois grupos: Petrobrás e Braskem.

Uma consulta a dados públicos revela que a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM abriu processos administrativos para analisar as informações trimestrais dessas companhias. O da estatal foi iniciado ontem, três dias após a publicação do balanço financeiro do segundo trimestre.

Consultada, a CVM informou que não comenta casos específicos. No entanto, confirmou que a SEP "está analisando o referido tema contábil para um conjunto de companhias, no âmbito do Sistema de Supervisão Baseada em Risco (SBR)".

A prática da contabilidade de hedge é legal e autorizada no País desde 2009. A opção por esse modelo já foi feita anteriormente por grandes companhias. A hipótese é que a CVM esteja questionando o momento e a forma como as duas empresas comunicaram ao mercado a nova política. Esse mecanismo neutraliza parte do impacto da variação sobre a dívida da empresa no curto prazo.

Em entrevista coletiva ontem, o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou que a contabilidade de hedge "veio para ficar".

Para Barbassa, a contabilidade de hedge é um instrumento muito útil para países em desenvolvimento, que têm maior dificuldade de captar recursos no mercado internacional "e acabam expostas a variações". Além disso, reduz a volatilidade no resultado fruto de variações cambiais.

Repercussão

A decisão da Petrobrás teve forte repercussão no mercado por ter sido tomada em meio à escalada do dólar.

No segundo trimestre do ano passado, quando o dólar se valorizou 10,93%, a Petrobrás registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, o primeiro balanço no vermelho desde a maxidesvalorização do real, em 1999.

Tanto a estatal quanto a Braskem passaram a adotar a contabilidade de hedge em maio. No entanto, as companhias só comunicaram a nova prática ao mercado em julho, quando os balanços já estavam fechados.

É possível que a CVM também olhe a maneira como o impacto dessa contabilidade foi destrinchada nos balanços. Outro ponto é verificar se as companhias cumpriram o trâmite necessário à adoção do hedge. Por exemplo, se há garantias de receita futura compatível com a perda contábil referente ao efeito do câmbio sobre a dívida.

Na contabilidade de hedge as exportações são usadas como proteção contra a variação da dívida em moeda estrangeira. A manobra elimina o descasamento contábil entre os efeitos benéficos da valorização do câmbio na receita de empresas exportadoras - mais demorado - e o imediato peso negativo sobre a variação da dívida em moeda estrangeira.

A decisão da Petrobrás de adotar a mudança a partir de maio evitou um resultado trimestral fraco. O lucro de R$ 6,201 bilhões reportado entre abril e junho foi alcançado porque um montante de R$ 7,982 bilhões em perdas cambiais não foi contabilizado no resultado, mas no patrimônio líquido da empresa.

No caso da Braskem, o hedge adotado evitou que o prejuízo líquido de R$ 128 milhões no segundo trimestre fosse mais de oito vezes superior.

O prejuízo da petroquímica teria chegado a R$ 1,082 bilhão no período, segundo a própria empresa.

O início da temporada de balanços do segundo trimestre já indica que nos próximos meses outras companhias tendem a usar a contabilidade de hedge. A mineradora Vale informou que estuda a adoção da prática.

No entanto, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, declarou em teleconferência com analistas e investidores que a empresa decidiu não usar a prática no segundo trimestre para não parecer uma medida "casuística".

Fonte: O Estadão.

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Reguladores dos EUA Querem mais Transparência em Auditoria


Reguladores norte-americanos divulgaram uma proposta controversa nesta terça-feira que pode obrigar auditores a dar mais detalhes sobre a análise de balanços de empresas listadas em bolsa, numa tentativa de munir investidores com mais informações.

O comitê de vigilância contábil para empresas abertas afirmou que sua proposta, se adotada, seria a mudança mais significativa para relatórios de auditoria desde a década de 1940.

Nos últimos 70 anos, auditores aderiram ao padrão de opinião de auditoria de três parágrafos, que fica anexada ao balanço anual da companhia, que essencialmente dão uma nota aos livros da empresa.

Os relatórios afirmam se os comunicados financeiros apresentados correspondem à condição financeira da empresa e se seguem os princípios contábeis (GAAP).

A proposta desta terça-feira não acabaria com o atual sistema de aprovação das empresas pelos auditores. Mas pela primeira vez em décadas, seria necessário que os auditores avaliassem informações além dos comunicados financeiros, e descrevessem os resultados.

Grupos de investidores criticaram nos últimos anos a fórmula de três parágrafos dos relatórios de auditoria, afirmando que se tratava apenas de um carimbo que falha em dar informações necessárias, incluindo preocupações que podem ter surgir durante a auditoria.

Mas empresas abertas e auditores afirmam que a direção da empresa, e não os auditores, deveriam fornecer informações adicionais. As companhias estão cautelosas com a possibilidade de mudanças nas regras, afirmando que a informação pode ser tirada do contexto ou entrar em conflito com regras de confidencialidade.

Fonte: Portal Exame.

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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Revista Evidenciação Contábil & Finanças


Nasce a Revista Evidenciação Contábil & Finanças!

A RECFin foi idealizada com o objetivo de contribuir com a construção e a atualização do conhecimento nas áreas de Contabilidade, Atuária e Finanças por meio da publicação de trabalhos que fomentem o debate científico em torno de temas de interesse dessas áreas. 

A RECFin é uma publicação eletrônica do Departamento de Finanças e Contabilidade (DFC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com o parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC) desta instituição, dirigida a professores, pesquisadores, alunos de graduação ou pós-graduação e profissionais de Contabilidade, Atuária e áreas afins. Suas publicações buscam apresentar conteúdo original e relevante, podendo ter sido apresentado em eventos científicos, desde que não tenham sido publicados por outro periódico. 

Criada com o compromisso de apresentar padrões de qualidade e de rigor característicos de férteis áreas de conhecimento, como a Contabilidade, a Atuária e a própria Finanças, não esquecendo dos preceitos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a RECFin apresenta em seu número inaugural oito importantes contribuições à literatura adjacente, dentro de suas quatro linhas editoriais, dando início ao cumprimento de seu objetivo, que é um grande desafio.

Visite a página da RECFin e acesse seus artigos no seguinte link:

v. 1, n. 1 (2013)
Sumário

Editorial
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EDITORIAL (1-3)
Orleans Silva Martins

Seção Nacional
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ARTIGOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS SOBRE CORE INFLATION NO PERÍODO DE 2000 A 2010 (4-19)
Ilse Maria Beuren, Cosmo Rogério de Oliveira

COMPARAÇÃO DE DESEMPENHOS DE CARTEIRAS OTIMIZADAS PELO MODELO DE MARKOWITZ E A CARTEIRA DE AÇÕES DO IBOVESPA (20-37)
Sandro Marques, Wesley Vieira da Silva, Jansen Maia Del Corso, Luciano Luiz Dalazen

DETERMINANTES E CONSEQUÊNCIAS DO FECHAMENTO DE CAPITAL NAS PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS (38-57)
João Antônio Salvador de Souza, Wando Belffi Costa, José Elias Feres de Almeida, Patricia Maria Bortolon

DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL E CUMPRIMENTO DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL: UMA ANÁLISE DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS UTILIZANDO DADOS EM PAINEL (58-70)
Paulo Francisco Barbosa de Sousa, Alexandre Oliveira Lima, Cícero Philip Soares do Nascimento, Maria da Glória Arrais Peter, Marcus Vinícius Veras Machado, Amanda de Oliveira Gomes

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE ENSINO E APRENDIZAGEM EM CONTABILIDADE: UM OLHAR SOBRE OS CONGRESSOS USP E ANPCONT NO PERÍODO DE 2007 A 2011 (71-84)
Morjane Armstrong Santos, Elaine Gonçalves Pires, Magno Oliveira Macambira, Adriano Leal Bruni

UMA ANÁLISE CRÍTICA ENTRE OS CURRÍCULOS DOS  CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NOS PAÍSES DO MERCOSUL  E O PROPOSTO PELA ONU/UNCTAD/ISAR (85-98)
Giovanna Tonetto Segantini, Clayton Levy Lima de Melo, Edzana Roberta Ferreira da Cunha Vieira Lucena, José Dionísio Gomes da Silva

A UTILIZAÇÃO DE MODELOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO SOB A PERSPECTIVA DO GECON E DO BALANCED SCORECARD: ESTUDO DE CASO EM UMA CENTRAL DE COOPERATIVAS DE CRÉDITO (99-117)
Vinícius Gomes Martins, Luiz Felipe de Araújo Pontes Girão, Augusto Cézar da Cunha Sila e Filho, Aneide Oliveira Araújo

Seção Internacional
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O GOODWILL NA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS: UM ESTUDO SOBRE A REALIZAÇÃO DE TESTES DE IMPARIDADES E AS ALTERAÇÕES CONTABILÍSTICAS NO ÂMBITO DAS CONCENTRAÇÕES DE ATIVIDADES EMPRESARIAIS (118-130)
Thiago de Sousa Barros, Ana Maria Gomes Rodrigues

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Hora do Balanço

Após três anos de IFRS, mercado conclui que certas mudanças são menos positivas do que se esperava

Em 2008, o Brasil dava seus primeiros passos rumo à implementação dos International Financial Reporting Standards (IFRS). Instaurado pela Lei 11.638, o processo de convergência do padrão contábil brasileiro para o internacional não foi indolor. Auditores, analistas, investidores, reguladores, advogados e contadores precisaram passar por um árduo período de aprendizado até que, em 2010, pudéssemos adotar integralmente os IFRS, adaptados à realidade brasileira pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Para fazer um balanço desses anos de transformação na contabilidade do País, a CAPITAL ABERTO realizou, em junho, o workshop "A experiência com IFRS no Brasil", na sede do CEU-IICS Escola de Direito, em São Paulo. Foi consenso entre os participantes que a implantação das novas regras trouxe mais ganhos do que perdas, mas também que algumas mudanças não foram tão boas como se esperava. 

As normas para consolidação dos balanços são um exemplo. Em vigor desde janeiro de 2013, os documentos do CPC (conhecidos pela mesma sigla do órgão) de número 36 (IFRS 10), 19 (IFRS 11) e 45 (IFRS 12) estabelecem os princípios contábeis que devem ser seguidos para a elaboração e apresentação do balanços de uma companhia que tenha participação em empreedimentos controlados em conjunto com outra entidade (joint ventures). No padrão de contabilidade antigo, a controladora registrava sua participação em cada um dos ativos, passivos, receitas e despesas da joint venture em suas demonstrações contábeis sob a sistemática da consolidação proporcional. Agora, não há mais o detalhamento: essas informações são publicadas pelo método da equivalência patrimonial, no qual a participação detida é evidenciada em uma única linha do balanço da controladora, a do patrimônio líquido. Com a adoção das três normas, o International Accounting Standards Board (Iasb), órgão responsável pela emissão dos IFRS, deixa claro que uma companhia deve produzir balanço consolidado apenas quando tiver posse total e exclusiva de outra. 

Na opinião de Reginaldo Alexandre, presidente da Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec), a mudança representa um ônus para os analistas e investidores, que agora têm menos informação ao seu dispor. "É um problema que não existia e passamos a ter após a adoção dos IFRS", diz. 

Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), concorda. Em julho, a entidade mandou uma carta ao presidente da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), Leonardo Pereira, frisando que as novas regras de consolidação reduzem a transparência dos balanços, ao impedir a visualização adequada dos impactos das atividades das joint ventures nos resultados da controladora. "Em companhias com (participação em) grande número de empresas cujo controle é compartilhado — caso de várias empresas dos setores de construção civil e elétrico, por exemplo —, o resultado é uma conta de equivalência patrimonial que efetivamente mistura ‘laranjas com bananas’, tornando-se impossível entender sua natureza (por exemplo, para o cálculo do Ebitda do grupo econômico)", esclarece a carta. 

A Amec solicitou à CVM que emita, em caráter de urgência, uma deliberação pedindo que as companhias publiquem, como informação suplementar, as demonstrações contábeis pelo método da consolidação proporcional. A entidade também encaminhou, no mês passado, uma carta ao International Accounting Standards Board (Iasb), na qual manifesta apoio à Eumedion, entidade holandesa focada em governança corporativa. A Eumedion se posicionou contrariamente à edição dos IFRS 10, 11 e 12. Marcos Badolatto, gerente de controladoria corporativa da BRF, tem uma visão diferente. Para ele, a divulgação de dados sobre a controlada é desnecessária, uma vez que não atesta a situação financeira da proprietária. "Essas informações poluem a demonstração financeira", opina. 

Outro CPC que vem dando dor de cabeça aos investidores é o de número 29, que obriga as empresas a contabilizar e divulgar seus ativos biológicos e produtos agrícolas pelo valor justo. Antes da norma, editada em 2009, esses itens eram registrados pelo custo histórico de formação. O problema, segundo os investidores, é que a mudança gerou uma falta de padronização na precificação desses ativos. De acordo com o CPC 29, o valor justo de um ativo biológico deve ser determinado por sua cotação em mercado naquele momento. Porém, nem sempre é fácil chegar a esse valor. Muitas vezes só há cotação para um produto maduro ou no ponto de colheita, mas como ele deve ser avaliado de acordo com as condições do presente, pode não haver preço para um ativo biológico em fase de desenvolvimento, por exemplo. Quando isso acontece, a norma original (IAS 41) recomenda que seja atribuído o preço de custo em mercado ativo — no qual os produtos são homogêneos, com preços conhecidos pelo público, e os consumidores podem ser facilmente encontrados a qualquer momento. Se não houver mercado ativo, deve-se levar em conta o preço de mercado mais recente para o ativo ou preços de mercado para ativos semelhantes. "Como cada companhia precifica o ativo biológico de um jeito, é difícil para o analista comparar as empresas que estão no pipeline de investimento e enxergar quais estão mais baratas e têm maior potencial", afirma Allan Hadid, da BRZ Investimentos. 

BAIXO ENGAJAMENTO — Os problemas citados acima têm um dedo de culpa do próprio mercado, que não vem participando das audiências públicas promovidas pelo Iasb. No Brasil, o CPC é quem envia para o Iasb as demandas locais referentes aos pronunciamentos em discussão. Mauro Cunha, da Amec, admite que os investidores poderiam ter se envolvido mais na elaboração das normas sobre consolidação e que, somente quando analisaram as demonstrações do primeiro trimestre de 2013, produzidas à luz dos CPCs 36, 19 e 45, perceberam que o nível de transparência havia diminuído. 

Por isso, Edison Arisa, coordenador técnico do CPC e sócio da PwC, defende mais participação do mercado nas audiências públicas relativas às normas internacionais. "Se a empresa não se envolve no processo, pode ter uma surpresa ao ver que o impacto é muito maior do que previa", observa. 

Neste momento, há quatro audiências públicas abertas no Iasb aguardando comentários do mercado. Duas delas são especialmente importantes. A primeira cria uma norma específica para ativos regulatórios e se aplica a empresas cujos preços cobrados pelos serviços estão subordinados a um valor de tarifa estipulado pelo governo. A previsão é que as companhias passem a reportar no balanço quanto a variação da tarifa afeta o cálculo de seu ativo e o impacto correspondente no resultado econômico. 

A outra se refere aos contratos de leasing. O Iasb quer que os leasings operacionais — aqueles em que a arrendadora não tem interesse em ficar com o ativo no fim do período — passem a ser contabilizados primeiramente nos balanços e reavaliados a cada parcela paga, para que, depois de depreciados, eles enfim sejam publicados nas demonstrações de resultados. Atualmente, esses contratos aparecem apenas nas demonstrações de resultados, como uma despesa administrativa. Uma vez em vigor, a norma exigirá que os bens arrendados sejam contabilizados no ativo, e a dívida decorrente dessas operações, no passivo. Apenas as mensalidades do financiamento serão consideradas como despesa. 

EXPLICAÇÕES DE MENOS — O tamanho das notas explicativas é outro ponto que incomoda os investidores na adoção do padrão contábil internacional. Isso porque elas ocupam, muitas vezes, um espaço gigantesco dos balanços, sem trazer informações relevantes sobre as práticas contábeis das companhias. 

Hadid, da BRZ, considera que as empresas deveriam pensar em formas de enxugar as notas explicativas para torná-las mais palatáveis para o investidor. "Depurar a informação dentro das notas tornou-se um trabalho muito denso", reclama. Essa situação, conforme o economista Lélio Lauretti, deixa claro que as companhias não estão sabendo diferenciar "dados" de "informações relevantes" nas notas explicativas. 

Para estudar o assunto, o CPC e o Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim) fundaram um grupo de trabalho (GT). Para Haroldo Levy, do Codim, as companhias devem parar de repetir, nos relatórios financeiros trimestrais, informações que também são publicadas em documentos anuais, como o formulário de referência. 

O GT compilou pontos que podem ser aprimorados pelas companhias em seus textos explicativos. A divulgação de informações sobre partes relacionadas (CPC 5) é um deles. Em geral, as notas trazem apenas o saldo final dessas transações, sem contextualizar os termos dos negócios e seus volumes. as observações referentes ao cumprimento do CPC 25, sobre contingências, também apresentam problemas. De maneira geral, faltam esclarecimentos sobre a relevância das causas não provisionadas. Contabilmente, as empresas devem separar as contingências em hipóteses prováveis, possíveis e remotas. Para as duas primeiras, há reserva; para a última, nem sempre — e é justamente nesse ponto que as informações estão insuficientes, alerta Arisa. "Às vezes, o que não é relevante para a companhia é relevante para o leitor." As notas sobre o impairment de ativos (CPC 1) também são falhas. Faltam explicações sobre as premissas utilizadas no teste de recuperação do valor de ativos. 

As falhas ajudam a explicar as estatísticas encontradas pela professora Edilene Santos, da FGV, no estudo Níveis baixos de disclosure: Apenas em itens irrelevantes? Ela analisou os balanços e as observações explicativas de 366 empresas, excluindo as instituições financeiras. O resultado foi decepcionante. Em média, as companhias analisadas revelaram apenas 23% das informações exigidas pelos CPCs. 

Para tentar padronizar a publicação das notas explicativas, o European Financial Reporting Advisory Group (Efrag) está produzindo uma orientação chamada Towards a disclosure framework for the notes. O documento está sob consulta do mercado desde julho de 2012 e recebeu 47 comentários. 

SALDO POSITIVO — Apesar dos percalços citados, Bruce Mescher, sócio-líder de global IFRS and offerings services (GIOS) da Deloitte, acredita que os benefícios trazidos pelos IFRS superam suas desvantagens. Ele entende que a adoção das normas internacionais aumentou a transparência e a comparabilidade dos balanços das companhias brasileiras em relação aos das estrangeiras. Isso impacta diretamente o custo de capital próprio das empresas. Foi o que concluiu o estudo Adoção completa das IFRS no Brasil: Qualidade das demonstrações contábeis e o custo de capital próprio, em 2013. A pesquisa de Ricardo Luiz Menezes da Silva, da FEA-USP, mostra que, com a adoção do IFRS, as companhias brasileiras reduziram seu custo de capital em 0,07%. 

Segundo Badolatto, da BRF, a adoção das normas internacionais elevou o nível técnico dos profissionais. "Agora, todas as áreas de uma companhia devem ter noções de contabilidade", ressalta.

Fonte: Revista Capital Aberto.

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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Governança é, Sim, para Todos


Comum nas grandes corporações, as práticas de governança corporativa— que exigem transparência nas informações e prestação de contas, entre outras responsabilidades— começam a ganhar espaço no investimento de grupos franqueadores e também nas micro, pequenas e médias empresas brasileiras. Mais do que o custo para a contratação de um profissional para implementar processos, o maior desafio é tornar a governança parte da cultura de um segmento que, em geral, é formado por empresas familiares.

Grandes redes franqueadoras, muitas delas do setor de cosméticos e alimentos e que tem como parceiras fundos de investimento, há tempos inseriram a governança como parte de seus planos de desenvolvimento. A técnica, no entanto, ainda é tímida no Brasil, diz Raul Monegaglia, da KBM Advogados. Mas tem tudo para dar certo por aqui. Basta as empresas começarem a “pensar grande”. “Primeiramente, as empresas devem conhecer os pilares da governança corporativa para entender o que isso pode mudar na forma como encaram a própria empresa e a relação com seus parceiros. Trabalhar com transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade são os mandamentos que sustentam a governança.

A partir desse conhecimento, o desafio é colocar tudo isso em prática”, destaca Monegaglia. O problema está justamente aí, diz o advogado. Quando se tem uma empresa familiar, o dono, em geral, não vê como primordial prestar contas a todos. “É uma questão de cultura. E esse é o maior investimento que uma empresa precisa fazer: aprender a mudar a sua forma de pensar. As companhias que atuam como Sociedades Anônimas, precisam prestar contas e usar de toda a transparência nas relações. Mas franqueadoras que têm, por exemplo, 50 franqueados, podem e devem utilizar ao menos as práticas básicas”, alerta o advogado.

As vantagens para os resultados das companhias, diz ele, vão desde a maior clareza na tomada de decisões ao desenvolvimento de processos internos e regulamentos de forma mais transparente. “Também a transparência e a credibilidade a terceiros ficam mais evidentes. Além disso, com a empresa trabalhando de forma direta, envolvendo os funcionários em seu planejamento, eles são os primeiros a responder com engajamento a essa nova visão. Isso reduz o custo de capital e agrega valor à empresa”, avalia. O advogado ainda destaca como ponto positivo a maior facilidade na atração de investidores, tanto para grupos franqueadores quando para empresas de pequeno e médio porte. “Como movimento de consolidação do mercado de franquias, as empresas que se utilizarem dessas boas práticas poderão atrair investidores externos, bem como agregar valor na hora de uma eventual venda ou fusão com outros grupos”, comenta.

Fonte: Brasil Econômico.

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