Dono da Telexfree é Intimado a Depor
O inquérito policial aberto contra a Telexfree (Ympactus Comercial), no Espírito Santo, entra em uma fase decisiva. Na próxima terça-feira, o dono da empresa, Carlos Roberto Costa, prestará depoimento na Delegacia de Defraudações (Defa) de Vitória para explicar o modelo de negócios da empresa e qual ligação ela tem com a Telexfree INC, situada em Massachusetts, nos Estados Unidos [1].
É a primeira vez que a delegada responsável pelo caso, Glacimeri Gaviorno, vai ouvir o grupo. Com o depoimento, ela espera receber informações sobre o contrato da corporação localizada em Vitória com a companhia americana. “Não sabemos se a Telexfree tem realmente um contrato com a companhia dos Estados Unidos. Na verdade, não nos importamos com a situação da empresa lá no exterior. Queremos saber se aqui ela é uma pirâmide financeira”, explica.
A previsão é de que em duas semanas as investigações no Estado sejam encerradas. As informações que serão passadas por Costa serão cruciais para que a Defa e o Ministério Público, que acompanha o desenrolar do procedimento, decidam se vão denunciar a empresa por formação de pirâmide financeira.
Em diversos Estados do país, a Telexfree é acusada de executar o esquema Ponzi. No Acre, há uma ação civil pública contra a empresa aberta pela Promotoria do Consumidor. No processo, a companhia é acusada de cometer crime contra a economia popular e de causar prejuízo para pessoas que investiram, de boa-fé, seu dinheiro no negócio.
O Ministério Público do Acre pede à Justiça a extinção da empresa, a anulação dos contratos feitos com os divulgadores e a devolução do dinheiro aplicado às pessoas que ainda não conseguiram recuperar o que investiu.
As contas bancárias, bens da empresa e de seus sócios, realização de adesões e o pagamento dos divulgadores estão bloqueados pela Justiça há duas semanas. A intenção é ressarcir as vítimas da suposta fraude. Lá no Acre também há um inquérito criminal instaurado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
O inquérito
Com seis volumes, o inquérito da Defa contra a Telexfree reúne dados coletados não apenas no Espírito Santo, mas também por Ministérios Públicos de outros Estados.
Parte da petição e da medida cautelar apresentada que tramita no Acre, por exemplo, está unida às provas contra a empresa. Há também informações dos procedimentos criados no Mato Grosso, onde pessoas venderam casas, joias e carros para se tornarem associadas à empresa.
A delegada Glacimeri explica que uma das questões que a empresa deverá esclarecer é o local de moradia dos outros sócios: Carlos Nataniel Wanzeler e James Merrill. Os dois também são donos da Telexfree INC, de acordo com a unidade de Corporativa de Massachusetts.
“Chegou o momento de ouvir o responsável pela empresa. Já escutamos várias pessoas. Não conseguimos intimar os outros sócios, pois eles não estão no Brasil. Por isso, queremos saber qual é a residência fixa deles”, diz.
Em diversas entrevistas a jornais e em vídeos na internet, a Telexfree se defende, afirmando ser uma empresa legítima de marketing multinível. Carlos Roberto Costa, na web, explica que a empresa está totalmente regularizada [2].
A Telexfree disse que não vai se pronunciar sobre o assunto.
MP: sai hoje lista das pirâmides
A Associação do Ministério Público do Consumidor (MPCON) vai divulgar hoje a lista das sete empresas acusadas de ser pirâmides financeiras. Também deve sair hoje o inquérito cível do Ministério Público do Rio Grande do Norte contra quatro empresas do setor de marketing multinível.
Divulgador da BBom terá de adotar padrão
Investigada em diversos Estados por formação de pirâmide financeira, a BBom vai repassar aos seus associados um modelo padrão para a divulgação do negócio.
A BBom promete retorno mensal de R$ 160 a R$ 800 a pessoas que investem de R$ 600 a R$ 3 mil na compra de pacotes com 4, 12 ou 20 rastreadores de veículo e de pessoas. O associado ganha dinheiro disponibilizado os equipamentos em espécie de comodato para clientes interessados em monitorar seu veículos, filhos ou familiares.
Os associados também são remunerados ao recrutar outras pessoas para o negócio [3]. Para conseguir muitas indicações ao negócio, alguns divulgadores da BBom, assim como ocorreu com a Telexfree, tem prometido ganho fácil e rápido ao investidor.
Segundo o diretor de marketing da empresa, Ednaldo Bispo, muitos associados têm rompido o contrato ao realizar essas promessas.
“Tem gente com ânsia para ganhar dinheiro que faz coisa que não permitimos. No nosso contrato, deixamos claro que não aceitamos que a pessoa pegue empréstimos, venda bens ou use suas economias para entrar na BBom”, diz.
[1] Objetivo é comprovar se a empresa pratica o chamado "esquema de pirâmide financeira", onde os ditos "divulgadores" são remunerado com a entrada de novos integrantes. Com ele, aqueles que entram antes no negócio (topo da pirâmide) conseguem bons retornos, enquanto aqueles que entram por último (base da pirâmide), que são a maioria, ficam com o prejuízo, pois não conseguem recuperar o investimento.
[2] É comum encontrar pessoas que defendem esse esquema justificando que estão obtendo retorno. Isso é comum para aquela minoria que entrou na pirâmide mais cedo. No entanto, os órgãos públicos devem resguardar os direitos de todos (inclusive da maioria que pode vir a ser lesada).
[3] Ganhos por meio do "recrutamento" de pessoas é um dos principais indícios de pirâmide financeira, pois o "produto" ofertado pela empresa passa a ser a fonte secundária (e não prioritária) de retorno.
Fonte: A Gazeta.
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