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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Auditoria Interna Aumenta Relevância nas Organizações



Eles formam uma das carreiras mais brilhantes e bem-sucedidas do mundo. No Brasil, estima-se que, entre o setor público e setor privado, estejam atuando na área aproximadamente 35 mil auditores internos. A atividade é hoje compreendida como uma forte aliada das empresas e instituições. A prova disso são os recentes escândalos descobertos por estes profissionais. Em janeiro de 2010, um trabalho realizado pela auditoria interna do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) constatou falhas na licitação, no pagamento e no contrato entre o instituto e o Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel) para realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Os auditores descobriram que o Inep pagaria R$ 8 milhões a mais para execução das provas. Outro fato balançou um dos maiores veículos de comunicação brasileira e foi fruto da capacidade investigativa dos profissionais de auditoria. Identificou-se um rombo em mais de R$ 1 milhão, desviado por profissionais que trabalhavam na realização do quadro “Construindo um Sonho” do SBT. 

De acordo com o vice-presidente de Auditoria Interna do Walmart, Alexandre Apparecido, a imagem deste profissional estava desacreditada até o ano 2000. A partir de 2002, ela foi recuperada quando a auditora Cynthia Cooper, vice-presidente da WorldCom, segunda maior provedora de serviços de telefonia dos EUA, anunciou que iria poupar à companhia um prejuízo de US$ 3,85 bilhões. Para Apparecido, este foi o mais importante acontecimento da história da auditoria interna no mundo.

Os momentos de crise econômica também repercutem nas instituições, no entanto, o presidente do Instituto dos Auditores Internos do Brasil - IIA Brasil, Oswaldo Basile, aponta os períodos turbulentos como positivos para a carreira. “Em períodos de instabilidade financeira, com redução do nível de atividade econômica, o auditor é fundamental para ajudar as organizações a superarem os diversos impactos negativos em suas atividades e atingirem seus planos e metas, como lucratividade, perenidade e competitividade.”

As reduções de custos e cortes de pessoal são ações comuns em períodos de baixa e podem gerar enfraquecimento ou até mesmo ausência de controles importantes com exposição a riscos que podem trazer sérios prejuízos para a organização. “Esta é uma função que não deve ser vista como custo, mas como investimento, com retorno praticamente garantido”, recomenda Basile.

Ter amplo conhecimento do ambiente interno da empresa e dos riscos inerentes aos negócios, ser flexível, visionário e comunicativo faz com que as empresas confiem nestes executivos para ajudá-las a enfrentar e sair de qualquer crise. O diretor de Advisory da PricewaterhouseCoopers – PWC, Gustavo Lucena, acredita que os auditores são os profissionais que melhor contribuem para o crescimento das instituições.

Profissão carece de cursos superiores

No mundo globalizado onde cada vez mais o aperfeiçoamento e a comunicação se fazem necessários, o mercado de auditoria nunca esteve tão atraente. “Talvez nunca em toda a sua história o auditor interno teve tanta importância como agora, ajudando as organizações a identificarem tempestivamente os riscos que podem levar a perdas financeiras e até mesmo à falência”, destaca o presidente do IIA Brasil, Oswaldo Basile.
Apesar da importância do auditor interno para o mercado, a profissão ainda não é regulamentada no País e não existem cursos superiores para esta área. Segundo dados do IIA Brasil, para início de carreira, com dois a três anos de experiência, o salário médio é de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil. Já um auditor sênior, com cinco a sete anos atuando na área, ganha um salário que varia entre R$ 4 mil a R$ 7 mil. Um gerente com mais de dez anos de mercado tem remuneração entre R$ 9 mil a R$ 13 mil. Por fim, a remuneração de um diretor ultrapassa os R$ 30 mil por mês.

Para quem optar pela área, o vice-presidente de Auditoria Interna do Walmart, Alexandre Apparecido, destaca algumas características fundamentais. “O mais importante é ter espírito inovador, perspicácia, empreendedorismo e trabalho em equipe.” Apparecido acrescenta ainda um ponto indispensável neste perfil: o domínio em Tecnologia da Informação (TI).

O presidente do IIA Brasil também aposta na multidisciplinariedade e no entusiasmo da juventude. Um jovem estudante ou já formado pode iniciar carreira em diversas empresas que oferecem programas de trainee. Outra possibilidade é o trabalho em consultorias e auditorias, iniciando como trainee ou júnior.

O diretor de Auditoria e Controle da ASSIM Saúde, Renato Trisciuzzi, é bastante otimista e diz que a profissão, apesar de considerada nova para várias organizações, já adquiriu a confiança dos executivos para que esse profissional assuma qualquer cargo de gestão ou liderança, dependendo da maturidade de cada um.

Tecnologia da Informação é a base da auditoria

Uma das preocupações das empresas é com relação ao conhecimento e aprimoramento de técnicas em Tecnologia da Informação (TI) e de Segurança da Informação. Estes itens foram identificados pela primeira Pesquisa Sobre as Tendências da Auditoria Interna no País, uma iniciativa da consultoria internacional Protiviti e do Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA Brasil). O estudo foi realizado com mais de 200 profissionais, que responderam a um detalhado questionário com mais de 100 questões.

Cerca de 65% dos entrevistados com cargos de diretores afirmam que as questões ligadas ao ISO 27000 (Segurança da Informação) são um dos pontos sensíveis que necessita de urgente melhoria. E 58% entendem que há necessidade de melhorias em Auditoria de TI, Segurança, Controles sobre Mudanças, Ambiente de TI, Continuidade e Desenvolvimento de Programas. Outro tema destacado foi a necessidade de os profissionais terem ascensão profissional, liderança, contatos externos e networking.

Neste aspecto que envolve habilidades pessoais, a pesquisa revela uma curiosidade: mais da metade dos auditores entendem que planejamento estratégico e se apresentar melhor em público são questões relevantes para ascensão profissional. Uma nova pesquisa já está sendo realizada pelo IIA Brasil e os resultados deverão ser conhecidos pelos auditores no segundo semestre deste ano.

Brasileiros se destacam como os melhores do mundo

Uma conquista inédita mostrou que o País está preparado para enfrentar os desafios do futuro. Dois brasileiros superaram quase 90 mil concorrentes em mais de 150 países na obtenção da qualificação mundial certificada pela Certified Internal Auditors (CIA), de 2010. A medalha de ouro será concedida ao paulista Igor Estrada Gouvêa e a de prata ao pernambucano Henrique Gonçalves de Carvalho.

O CIA, que há 10 anos se popularizou no País graças ao incentivo dos bancos e empresas, é a mais importante certificação internacional para um auditor interno. Trata-se de uma qualificação exigida por quase todas as empresas no mundo, somente obtida após quatro provas complexas sobre conhecimentos específicos de auditoria interna, governança, conceitos de contabilidade, marketing e TI.

A notícia foi uma enorme surpresa para Igor Gouvêa, que atua na área há oito anos e atualmente é gerente da Socopa Corretora Paulista. “Sonhava ficar entre os melhores do Brasil, mas nunca imaginei ser o primeiro do mundo, superando candidatos de países renomados como EUA e Suíça”, comemora. Apesar de ter estudado com afinco para as provas, Gouvêa ficou surpreso com a notícia. Formado em economia pela Unicamp, o jovem sonhava em ser auditor, tanto que tão logo conquistou o diploma, buscou programas de trainee.

Se o ouro já era bom para o Brasil, ter um representante com a prata projeta ainda mais a imagem do profissional no exterior. Henrique Carvalho tem 25 anos e atua na área há apenas quatro anos trabalhando na empresa Neoenergia, em Pernambuco. “O importante é colocar uma meta no ano e fazer de tudo para cumpri-la. A premiação foi uma grata surpresa e tenho certeza que ela valorizará meu currículo e contribuirá para meu desenvolvimento profissional”, prevê. Ele conta ter ficado sete meses se preparando para os testes. “Eu estava procurando crescer na área com algo que fosse internacional. O meu objetivo era passar na primeira tentativa.”

“A dupla conquista um marco histórico para o auditor interno do Brasil. O desempenho representa a comprovação de que nossos profissionais estão investindo em capacitação e se tornando competitivos”, diz Oswaldo Basile.

Fonte: Jornal do Comércio - RS.

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