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quinta-feira, 8 de março de 2012

2,7%: O PIB da Ineficiência



Por Stephen Kanitz


O Estado de São Paulo está de parabéns pelo editorial O Pib da Ineficiência.

Faltou explicar porque o Brasil é tão mal administrado, tão ineficiente, tão pobre nas suas análises.

Somos de fatos ineficientes, e continuaremos a ser se não percebermos que precisamos colocar no governo pessoas que entendam de eficiência. 

Para melhorar a análise do Estado de São Paulo gostaríamos de acrescentar alguns dados.

Descontado o crescimento populacional e a parcela do PIB que vai para o governo, a renda per capita disponível para a população brasileira quase não cresceu.

Aliás, fica próxima do erro estatístico no cálculo do PIB, que obviamente não é perfeito. Mas se entrevistarmos qualquer contador deste país, e qualquer aluno de administração que já tenha completado o primeiro ano, eles mostrarão algo mais grave.

1. Uma parte do PIB é venda de extração de minério, ferro, alumínio e extração de petróleo.

O que entra no PIB é o valor adicionado, não o valor do minério in natura.

Acontece que o minério e o petróleo extraídos deveriam ser deduzidos do Patrimônio Líquido Nacional.

Demonstrativo que toda empresa elabora, menos o Governo Brasileiro. 

Neste contexto estamos ficando mais pobres, estamos esgotando nossas reservas minerais.

Se em vez do PIB, calculássemos a variação do Patrimônio Líquido, como fazem as empresas eficientes e não tão eficientes, iremos descobrir que ficamos mais pobres em 2011.

Os 2,7% de crescimento do PIB não compensou a venda de patrimônio liquido deste país, que sequer calculamos, mas deve ser maior do que 2,7% do PIB. 

2. Um outro dado, que todo contador brasileiro aprende no primeiro ano, é que o aumento da dívida de uma empresa sem contrapartida é uma redução do patrimônio. 

Em 2011, a dívida não contabilizada do governo deve ter aumentado no mínimo R$ 500 bilhões.

Ficamos R$ 500 bilhões mais pobres, mas isto não é contabilizado e representaria mais 1,2% do PIB. São os direitos adquiridos que por ineficiência e esperteza não são contabilizados. 

A maioria dos brasileiros e jornalistas, nem sabe que existem estas despesas não contabilizadas, o que mostra o grau de ineficiência que nos permitimos chegar.

Sequer sabemos o nível dos nossos problemas. 

Pelo menos, a ficha caiu que somos ineficientes. 

Onde somos ineficientes é que ninguém percebeu ainda. "É nos juros", "É no câmbio", 'É na educação".

Continuem pensando assim. 

Quando descobrirem que ineficiência se combate com profissionais treinados para combater a ineficiência estaremos um pouco menos atrasados. 

Fonte: Blog do Stephen Kanitz.

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