2,7%: O PIB da Ineficiência
Por Stephen Kanitz
O Estado de São Paulo está de parabéns pelo editorial O Pib da Ineficiência.
Faltou explicar porque o Brasil é tão mal administrado, tão ineficiente, tão pobre nas suas análises.
Somos de fatos ineficientes, e continuaremos a ser se não percebermos que precisamos colocar no governo pessoas que entendam de eficiência.
Para melhorar a análise do Estado de São Paulo gostaríamos de acrescentar alguns dados.
Descontado o crescimento populacional e a parcela do PIB que vai para o governo, a renda per capita disponível para a população brasileira quase não cresceu.
Aliás, fica próxima do erro estatístico no cálculo do PIB, que obviamente não é perfeito. Mas se entrevistarmos qualquer contador deste país, e qualquer aluno de administração que já tenha completado o primeiro ano, eles mostrarão algo mais grave.
1. Uma parte do PIB é venda de extração de minério, ferro, alumínio e extração de petróleo.
O que entra no PIB é o valor adicionado, não o valor do minério in natura.
Acontece que o minério e o petróleo extraídos deveriam ser deduzidos do Patrimônio Líquido Nacional.
Demonstrativo que toda empresa elabora, menos o Governo Brasileiro.
Neste contexto estamos ficando mais pobres, estamos esgotando nossas reservas minerais.
Se em vez do PIB, calculássemos a variação do Patrimônio Líquido, como fazem as empresas eficientes e não tão eficientes, iremos descobrir que ficamos mais pobres em 2011.
Os 2,7% de crescimento do PIB não compensou a venda de patrimônio liquido deste país, que sequer calculamos, mas deve ser maior do que 2,7% do PIB.
2. Um outro dado, que todo contador brasileiro aprende no primeiro ano, é que o aumento da dívida de uma empresa sem contrapartida é uma redução do patrimônio.
Em 2011, a dívida não contabilizada do governo deve ter aumentado no mínimo R$ 500 bilhões.
Ficamos R$ 500 bilhões mais pobres, mas isto não é contabilizado e representaria mais 1,2% do PIB. São os direitos adquiridos que por ineficiência e esperteza não são contabilizados.
A maioria dos brasileiros e jornalistas, nem sabe que existem estas despesas não contabilizadas, o que mostra o grau de ineficiência que nos permitimos chegar.
Sequer sabemos o nível dos nossos problemas.
Pelo menos, a ficha caiu que somos ineficientes.
Onde somos ineficientes é que ninguém percebeu ainda. "É nos juros", "É no câmbio", 'É na educação".
Continuem pensando assim.
Quando descobrirem que ineficiência se combate com profissionais treinados para combater a ineficiência estaremos um pouco menos atrasados.
Fonte: Blog do Stephen Kanitz.
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