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quarta-feira, 11 de março de 2020

Relatório Financeiro Fraudulento e Governança Corporativa



Recentemente tivemos alguns casos importantes de problemas com demonstrações contábeis no Brasil, a exemplo de Via Varejo (VVAR3) no ano passado e de CVC (CVCB3) e IRB Brasil (IRBR3) este ano. Por trás de tudo isso, a desconfiança sobre os relatórios das empresas.

Isso me fez lembrar de um estudo que publiquei no início deste ano, sobre “Mitigação da Possibilidade de Relatórios Financeiros Fraudulentos pela Governança Corporativa”. Nesse estudo, identificamos algumas características comuns às empresas com problemas em relatórios (histórico de republicação, recuperação judicial, concordata ou falência) e verificamos se a governança pode ser útil para diminuir a possível manipulação dos relatórios.

Na maioria dos casos, nossas decisões de investimento são baseadas nos números das empresas (mesmo o pessoal da análise técnica utiliza as informações para lhes auxiliar na compreensão do contexto). Logo, se elas são manipuladas ou distorcidas, as decisões também podem ser ruins, levando-nos a perder dinheiro.


Já vi alguns analistas de importantes casas de análise utilizarem esses indicadores na elaboração de seus relatórios de cobertura. Porém, é comum eles cometerem o erro de utilizarem os coeficientes originais apresentados pelos autores, de décadas atrás. Isso distorce os resultados. Neste estudo nós atualizamos esses coeficientes.

Nós analisamos todas as empresas da [B]3 entre os anos de 2010 e 2015. Nossos principais resultados apontam que em 5,5% dos casos há indicativo de relatório fraudulento, além de a probabilidade de falência ter sido identificada em 16,91% dos casos e a probabilidade de manipulação de resultados ter sido identificada em 17,73% deles. As práticas de governança corporativa relacionadas ao Conselho de Administração foram mais eficientes contra a probabilidade de falência. Já as práticas relacionadas à auditoria foram mais eficientes na redução da manipulação de resultados.

Isso demonstra que a qualidade da governança corporativa não pode ser desprezada pelo investidor. Vimos problemas recentes e sérios no Brasil, levando muita gente a perder muito dinheiro.

Este foi o resumo do estudo, que foi desenvolvido por mim e pelo Raul Ventura Júnior, publicado na Revista Brasileira de Gestão de Negócios. 


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