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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O famoso “Dividend Yield” no Mercado de Ações



O que são esses estranhos “dividend yield” e “yield on cost”?

Um significado mais literal de “yield” é rendimento, lucro. Logo, dividend yield é o que podemos entender por “rendimento dos dividendos”. Uma forma conservadora de se realizar um investimento em ações é optar por empresas que tenham um bom dividend yield, pois o investidor já “garante” um rendimento mínimo de seu investimento, além de poder ganhar com a valorização da ação (é como se você tivesse um título que lhe rende juros, e ainda valoriza com o passar do tempo, ganha-se nas duas pontas). E por que essa é uma opção conservadora, ou segura? Por que em período de mercado em baixa, como agora, não importa quanto a ação desvaloriza, pois, seu rendimento com dividendos é certo (e normalmente crescente).

Já o yield on cost é a taxa anual média de rendimento dos dividendos. Matematicamente, é o total de dividendos recebidos no ano, dividido pelo custo médio das ações adquiridas (quanto pagamos, em média, pelas ações que temos). Essa taxa é comparável, por exemplo, às taxas anuais da poupança ou dos títulos públicos. E veremos que em muitos casos ela é superior, e nós ainda temos a oportunidade de ganhar bastante na outra ponta (com a valorização de nossas ações).

Essas taxas são muito interessantes, mas temos que ter em mente que nem todas as empresas distribuem a maior parte de seus lucros como dividendos, algumas retém a maior parte do lucro para reinvestimento. E isso sustenta seu crescimento e, consequentemente, maior valorização. Por essa razão, não se deve tomar uma decisão de investimento baseando-se apenas no yield. Mas sem sombra de dúvidas ele é um bom indicador e também deve ser utilizado (além de outros) para diversificar nossos investimentos, garantir a rentabilidade de nossa carteira, e reduzir nossos riscos.

Tomando por base o preço de algumas ações no final de junho de 2018, podemos verificar que elas apresentam excelentes dividend yields. Considerando o dividendo total esperado em 2018 e a cotação da ação em 29 de junho, temos: CARD3 (6,80%), EGIE3 (8,47%), ITSA4 (8,82%), IRBR3 (4,76%), MPLU3 (8,58%), PETR4 (4,19%), SAPR11 (8,60%), SMLE3 (8,25%), SUZB3 (1,30%), UNIP6 (15,00%), VALE3 (1,05%) e WEGE3 (2,03%) [fonte: Thonsom Reuters].

Apenas para fins de comparação, como benchmarkings, para 2018 as rentabilidades esperadas (e aproximadas) da poupança é 4,55%, do CDI é 6,39% e do Tesouro Selic é 6,50%.

No setor financeiro, é bastante comum o pagamento de dividendos todos os trimestres. Este setor também é um dos setores mais voláteis às entradas e saídas de investidores na bolsa brasileira. Por isso, muitas vezes a queda no preço da ação é explicada pelas saídas de investidores, e não pela piora dos fundamentos das empresas (como agora).

No Brasil, mais da metade dos investidores são estrangeiros, e quando as incertezas políticas por aqui aumentam, eles tendem a sair. E o setor financeiro atrai muitos desses investidores, devido à sua alta rentabilidade  e às barreiras de entrada de novas empresas aqui no Brasil. Isso explica boa parte da redução dos preços na bolsa brasileira nos últimos meses. Porém, após este período de eleições e de greves (como a dos caminhoneiros), acredito que eles voltarão (como já voltaram em outros períodos) e os preços voltarão a subir, valorizando as ações novamente.

Enquanto isso não acontece, manter a calma e continuar a comprar boas empresas a preços descontados é uma excelente estratégia para obter bons dividend yields! Quando a bolsa subir, ainda se pode ganhar com a valorização das ações, também.

Orleans Martins

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