Cursos de Ciências Contábeis Começam Ano de Olho nas Mudanças
Com a aproximação da volta às aulas, os estudantes de cursos de graduação, pós-graduação e especialização em Ciências Contábeis buscam saber se o currículo está adaptado às exigências do mercado e do fisco. A resposta é sim. Grande parte das universidades e instituições de ensino do Estado está consciente da necessidade de mudança. Elas começam o ano antenadas à realidade e prometem novidades.
A estabilidade econômica, os processos de inteligência fiscal eletrônica, como o Sped, e os novos princípios contábeis – Normas Internacionais de Relatórios Financeiros – IFRS, na sigla em inglês – fizeram com que a informação contábil voltasse ao centro da tomada de decisões empresariais. O professor coordenador da Faculdade de Ciências Contábeis da Pontifícia Universidade Católica (Pucrs), Saulo Armos, concorda. Para ele, se as recentes alterações tivessem de ser resumidas em uma frase, ela seria: “Mudamos o foco de ensino da contabilidade fiscal para a societária”. O contador está deixando de ser o responsável por estabelecer o relacionamento entre a empresa e o fisco para se tornar aquele profissional cujo foco principal deve ser prestar contas aos usuários internos (sócios e administradores) e externos (governos, bancos, clientes, fornecedores, empregados) e demonstrar a situação patrimonial e o desempenho operacional.
Segundo Armos, as faculdades estão adaptadas a essas exigências, por meio das atuais mudanças bibliográficas e pelo estímulo à qualificação constante dos professores – responsáveis por adaptar os conteúdos das aulas às necessidades da profissão. Na Pucrs, a última alteração foi feita no primeiro semestre do ano passado e apenas ajustes nas cadeiras já existentes foram suficientes para deixá-las atualizadas.
A chefe-substituta do Departamento de Ciências Contábeis da Ufrgs, Márcia Bianchi, explica que a alteração mais significativa do curso ocorreu em 2008, após a adoção das Normas Internacionais pelo Brasil. “Assuntos como contabilidade internacional e sistemas gerenciais foram diluídos em outras disciplinas, e sempre incluímos tópicos contemporâneos”, diz.
Márcia explica que, atualmente, o principal investimento da universidade no curso de Ciências Contábeis diz respeito ao corpo docente. Após as alterações curriculares, o interesse é ampliar o número de professores. São três novos iniciando as atividades em 2013, dois deles para cadeiras de auditoria e um especializado em contabilidade tributária. “Fizemos questão de diminuir a carga horária de 40 horas para 20 horas semanais para que esses profissionais se mantenham no mercado”, enfatiza Márcia.
Uma das mais tradicionais do Estado, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) também não enfrenta maiores dificuldades quanto à adaptação curricular. Segundo o coordenador do curso, Wanderlei Ghilardi, as disciplinas possuem conteúdos flexíveis declarados no próprio Projeto Político Pedagógico (PPP). “Pode-se supor que elas estejam sujeitas a atualizações e adequações a cada semestre. Mesmo assim, a cada cinco anos, o PPP é avaliado e adequado às necessidades da época”.
A necessidade de adequação às normas internacionais adotados, no final de 2007 levou a Feevale a investir em atividades extra-classe, possibilitando o conhecimento da realidade profissional em outros países. O coordenador do curso de Ciências Contábeis da instituição, Marcelo Ayub, organiza, há 10 anos, as viagens internacionais com os alunos integrantes do Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal da Feevale. Durante a saída, os futuros contadores realizam atividades em universidades locais, intercâmbio cultural, palestras e visitas a empresas locais. “Buscamos formar um contador global e lhe dar uma visão da profissão mais ampla do que a de maior parte dos contadores no Brasil”, explica Ayub.
Fonte: Jornal do Comércio - RS.
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