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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Revolução Cultural

Apesar dos novos desafios e exigências, profissão e profissionais ganham mais importância e qualidade na era digital


Por Lúcia Rebouças

A grande revolução cultural promovida pela era digital e pelo IFRS, porém, ainda não foi percebida pela maioria dos 400 mil contadores e os 70 mil escritórios de contabilidade, que, conforme o CFC, estão em atividade no País. Silvia diz que, pelo que tem observado, o mercado de profissionais e de escritórios de contabilidade vai ficar menor. “Estou vendo muita gente partir para outros ramos de atividade por não querer mudar sua rotina de vida.”

Temístocles Amaral Ribeiro, sócio do escritório de contabilidade Adccont Consultoria Contábil e Financeira – há 13 anos no mercado, com 40 colaboradores e 80 clientes, a maioria empresas de médio porte –, acredita que o processo de transformação será doloroso para muitos. “Ou o profissional se converte ou será expulso do mercado. No setor ainda há muita resistência às mudanças. Muita gente ainda não acordou.”

O diretor técnico do CFC, Nelson Mitimasa Jinzenji, professa crença semelhante. “Considerando o universo de profissionais de contabilidade aptos ao exercício da atividade, pode-se assegurar que apenas uma parcela ínfima está preparada para trabalhar com as normas contábeis convergentes com as do IFRS,” diz ele.

Para Marco Antonio Zanini, diretor geral da NFe do Brasil, que estruturou uma série de produtos e serviços adaptáveis a diferentes perfis de clientes, a importância do contador aumentou, mas ainda é grande a desinformação no meio contábil. “A mudança tem sido motivo de angústia para a categoria. A questão prioritária é como se adaptar à nova realidade. A maioria dos contadores ainda não está enxergando o tamanho da transformação. Eles ainda estão vendo só a questão da NF-e.”

A quantidade de mão de obra pode diminuir, mas a qualidade será maior. Com o Sped, o contador precisa estar totalmente antenado à legislação fiscal e contábil e isso dificulta a atividade de maus profissionais, afirma. Não é o que ocorre atualmente. Zanini conta o caso de um escritório de advocacia especializado em verificar práticas fiscais. Sua atividade é procurar pagamentos indevidos de impostos, que na maioria das vezes ocorreu por falha do contador. Em geral, por não estar familiarizado com a tributação, o contador faz a empresa pagar tudo que o Fisco exige. A descoberta de erros tem garantido sucesso ao escritório e permitido a muitas empresas obterem gordos valores como ressarcimento.

“O sistema digital protege quem está pagando pelo serviço. Hoje em dia, o cliente contrata o contador ou o escritório de contabilidade, mas não tem como saber se o trabalho está certo porque a prateleira não identifica erros. Só vai sobreviver quem se adaptar”, diz Zanini citando o pai da teoria evolucionista, Charles Darwin.

O Despreparo

A falta de mão de obra qualificada disponível no mercado também já foi detectada por Guillermo Braunbeck, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras (Fipecafi). O problema é mais grave quando o assunto é a elaboração de demonstrações financeiras em IFRS. “É difícil trazer gente dos bancos escolares preparada para trabalhar com as novas práticas contábeis. Existem mais de mil cursos de contabilidade no País, mas seus currículos são muito abertos e a maioria deles nem sequer tem em sua grade matérias que tratem da contabilidade internacional. Muita gente que sai da faculdade nem sequer sabe o que é IFRS”, diz o professor.

O IFRS coloca diante do profissional uma nova realidade estrutural, uma mudança profunda de conceitos. Não se trata apenas de aprender novas definições e lidar com elas. Como exemplo, Braun-beck cita a questão da primeira coisa que olha num balanço, que é o ativo. Na definição clássica, “ativos são bens e direitos”. Hoje a definição inclui a ideia de benefício econômico futuro. “É preciso enxergar a promessa de entrega de um valor na hora de classificar algo como ativo.”


Para usar o IFRS, o contador deve deixar de agir como uma máquina de registro e passar a ser um intérprete de eventos econômicos, e a exercer julgamentos. “Se antes o contador podia agir como mero fotógrafo, hoje precisa ser capaz de desenhar o futuro a partir das informações contábeis”, acrescenta o professor da Fipecafi. A nova postura não é simples. Incorporá-la é especialmente complicado para profissionais com muitos anos de prática no modelo antigo, porque significa uma mudança de modelo mental.

Fonte: Portal Razão Contábil.

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