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domingo, 20 de março de 2011

Ensino da Contabilidade se Adapta às Mudanças da Profissão




As mudanças estruturais e tecnológicas vividas pela contabilidade nos últimos anos começam a surtir efeito na área acadêmica e, consequentemente, na formação de novos profissionais. A adoção das normas internacionais, suplantando o modelo vigente anteriormente e a influência da Tecnologia da Informação (TI), através de elementos como o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) Contábil e Fiscal, são alguns dos fatores que influenciaram a criação de novas diretrizes nos cursos de graduação e pós-graduação.

O tempo em que o contador era responsável apenas por fazer escrituração ficou para trás. O burocrata absorto em uma pilha de papéis deu lugar ao gestor da informação. “O profissional está muito mais inserido no processo decisório da empresa, se configurando não só em um assessor fiscal e tributário”, analisa o coordenador da Comissão de Graduação em Ciências Contábeis e Atuariais (Cgatu) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), João Marcos da Rocha.

Para acompanhar as necessidades impostas pelo mercado de trabalho, o processo de formação de contadores passa por diversas modificações. Com o Brasil priorizando uma legislação societária em detrimento da legislação fiscal, os cursos tomam novos rumos. Há três anos, pelo menos, as universidades têm realizado alterações em seus currículos para se adaptar à nova realidade. Desde então, temas como administração e gestão de organizações e disciplinas práticas, que recorrem ao uso da tecnologia, tiveram seu espaço ampliado na grade de conteúdos. O mesmo ocorreu com a área de auditoria, visto que a audição dos negócios se configurou em mais uma tarefa a ser cumprida pelo contador.

O presidente da 6ª Seção Regional do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Sérgio Fioravanti, acredita que ainda não terminou a fase de adaptação dos cursos às reformas que atingiram a profissão. Segundo ele, ainda restam outros nós a serem desatados no ensino da contabilidade. “Solidificar nas grades curriculares o atendimento a todos os mais de 40 pronunciamentos técnicos editados no País nos últimos dois anos é o próximo desafio para os coordenadores”, garante.

O atual panorama contábil também criou perspectivas para os cursos de extensão. As demandas recentes estimulam a busca por aperfeiçoamento profissional. No entanto, o contador com ambição de retornar ao ambiente acadêmico esbarra na carência de mestrados e doutorados ligados à área no País. Apenas a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) disponibiliza mestrado em Ciências Contábeis, no Estado. Esse cenário é amenizado, em parte, pela vasta oferta de pós-graduações.

Mesmo com as instituições de ensino adaptadas ao padrão internacional de normas, há quem alerte para a existência de um conflito entre a legislação e as resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). “Alguns docentes não sabem o que dizer aos alunos. No momento em que as faculdades seguem à norma do conselho, os alunos vão perguntar ao professor se obedecem à lei ou a norma administrativa. A contabilidade está partindo para o campo da subjetividade”, lamenta Salézio Dagostim, especialista em finanças e professor da Escola Brasileira de Contabilidade (Ebracon).

Fonte: Jornal do Comércio - RS.

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