Evasão nas Universidades Chega a 20%. Por Que Estudantes Desistem?
Evasão escolar assola universidades públicas e privadas |
Em todo o Brasil, cerca de 20,7% dos estudantes de instituições particulares de ensino superior desistem do curso no meio do caminho, de acordo com dados do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo).
Ao contrário do que se possa imaginar, questões financeiras não são os únicos motivos para tamanha evasão, uma vez que o índice de desistência nas faculdades públicas também é alto, de cerca de 14,4%. De acordo com o Semesp, somente na USP (Universidade de São Paulo), 40% dos estudantes deixam as salas de aula no primeiro ano da faculdade.
Parou por quê?
Ele explica que a concorrência entre as particulares fez os preços das mensalidades caírem ao longo dos anos. Preços mais em conta atraíram um segmento que até então imaginava que ser universitário era algo distante. “A concorrência permitiu o acesso das classes C e D. A formação desse segmento, contudo, é frágil”, explica.
Dessa forma, mesmo tendo recursos para bancar uma mensalidade, muitos futuros profissionais desistem do curso por não conseguirem acompanhá-lo. Essa situação é verificada, principalmente, nas universidades públicas. Capelato lembra que nos cursos em que há grande parcela de estudantes de menor renda, geralmente da área de Humanas, a evasão é muito alta. “A qualidade do ensino médio público é muito baixa e os alunos que chegam com uma base extremamente frágil têm dificuldades de acompanhar os cursos”, comenta.
Aí entra uma outra questão. Se a renda está mais apertada, invariavelmente, universitários das classes econômicas mais baixas não param de trabalhar, mesmo estudando. A dificuldade de se levar uma dupla jornada é outro motivo que compromete a conclusão do curso.
A escolha errada
A gerente de Orientação de Carreira da Cia de Talentos, Bruna Dias, acredita que, mesmo descontente, esse jovem de hoje pode ser um ótimo profissional amanhã. Para ela, a questão é outra. “É o preço que se paga por isso. Atuar em uma profissão que eu já não queria muito é fazer um esforço grande para entregar resultados básicos”, afirma.
Ela aconselha àqueles que estão pensando em desistir por falta de estímulo a parar e refletir. “Se for uma certeza e ele tiver condições, é melhor parar mesmo e tentar outra coisa”, diz Bruna. Contudo, para grande parte dos universitários, parar no meio do caminho significa não voltar mais a estudar. Por isso, a assistente de Orientação e Informação Profissional do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola), Gisele Laranjeira Sepúlveda, recomenda atenção antes de escolher o curso. “Conhecer as aptidões, as competências e as habilidades desde cedo ajuda nessa escolha”, afirma.
Além disso, a informação sobre o curso, a instituição, a profissão e as perspectivas de carreira que ela oferece devem ser bem analisada. E, se a insatisfação bater, é melhor tentar entender de onde ela vem, se do curso ou mesmo da profissão. Para evitar desespero logo no primeiro ano de faculdade, Gisele lembra que os cursos são sempre bem generalistas. “Tendo essa informação, ele saberá lidar com essas disciplinas”, afirma.
Bruna lembra também que é preciso analisar os valores da profissão com os valores do futuro profissional. “Os estudantes precisam saber que as escolhas são difíceis, mas as consequências também”.
Fonte: Infomoney.
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