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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aversão a Risco Derrubou Bovespa e Puxou Dólar em Mais de 2%


A terça-feira foi pautada pela aversão ao risco. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em terreno negativo, o dólar teve a maior alta diária desde o fim de junho e os contratos de juros futuros acumularam prêmio.

A fonte da instabilidade voltou a ser Dubai, que tenta renegociar dívidas e teve mais empresas rebaixadas pela Moody´s. Os agentes também reagiram de forma negativa à redução do rating soberano da Grécia, que perdeu a nota A- e agora tem classificação BBB+.

Avessos aos ativos de risco, os agentes correram para o dólar, que subiu forte contra o euro e a libra. E toda a vez que o dólar ganha valor, commodities e ações perdem preço.

Segundo o sócio da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, tal movimentação nos mercado mostra que há um aumento da incerteza com relação à situação global do crédito.

Daoud lembra que ainda existem pelo mundo cerca de US$ 3,5 trilhões dos chamados ativos tóxicos. Por irradiação das massivas injeções de liquidez feitas pelos BCs, esses ativos estão se sustentando.

A questão agora é que o mercado passou a desconfiar que a taxa de juro nos EUA pode subir antes do previsto, o que significa que esses ativos perderão sustentação, voltando a causar estragos.

Dauod lembra que esse temor com a retirada dos estímulos se intensificou com a divulgação dos dados de emprego nos EUA. Pelo segundo mês consecutivo, os números ficaram melhores do que o previsto.

Na Bovespa, os carros-chefe são papéis ligados às commodities; então, não tem como o mercado local escapar da instabilidade externa. Ao final da jornada, o Ibovespa apontava baixa de 1,14%, para encerrar aos 67.728 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 6,17 bilhões.

À parte da instabilidade, as companhias aéreas ganharam valor depois de comentários positivos feitos por analistas. As elétricas também subiram dada à expectativa de aprovação de lei que amplia subsídios para geração.

Entre os ativos acompanhado, o dólar teve o ajuste mais acentuado. A moeda americana teve a maior alta diária em mais de cinco meses contra o real. O preço da divisa saltou 2,14%, para fechar o dia valendo R$ 1,756 na compra e R$ 1,758 na venda. A moeda não subia tanto em um único pregão desde 22 de junho, quanto ganhou 2,58%.

Na roda de " pronto " da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), o dólar aumentou 1,80%, fechando também a R$ 1,758. O volume negociado caiu 50%, para US$ 158,5 milhões. No interbancário, os negócios dobraram para US$ 2,2 bilhões.

De acordo com o gerente de operações da Terra Futuros, Arnaldo Puccinelli, o sinal externo negativo serviu de gatilhos às compras, mas o que explica a puxada de preço é a virada de mão dos estrangeiros no mercado de dólar futuro.

Até o dia 3 de dezembro, a posição líquida estava comprada (aposta pró-dólar) em 10,9 mil contratos. Posição que subiu para 54 mil até o começo do dia de ontem. Segundo Puccinelli, essa virada reflete mais uma zeragem de posições vendidas do que efetivamente um aumento de contratos de compra.

Os contratos de juros futuros também refletiram o menor apetite por ativos de risco e acumularam prêmios na BM & F.

Na agenda do dia, o Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna (IGP-DI) aumentou 0,07% em novembro, abaixo as estimativas que rondavam 0,20%. Um mês antes, fora registrada deflação de 0,04%. No ano, o indicador aponta variação negativa de 1,32%. Em 12 meses, a baixa está em 1,76%.

Segundo o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o que surpreendeu e desviou o resultado do IGP-DI das projeções foi a deflação nos preços industriais. " Isso mostra que não há preocupação com a inflação em um futuro imediato. "

Olhando para curva futura, Rosa avalia que, embora exista uma grande divergência de opiniões, os vencimentos carregam prêmio de forma exagerada. " Ainda acreditamos em alta de juros apenas no segundo semestre de 2010 e que não precisa de 4 pontos a 6 pontos de ajuste para manter as expectativas de 2011 " , explicou.

O economista ressalva, no entanto, que parte do prêmio que existe no mercado futuro também reflete preocupações com questões fiscais e o fato de 2010 ser um ano eleitoral.

Comentando a agenda da semana, Rosa aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deve ter crescimento de 2% no comparativo trimestral. Uma performance muito boa que deve ser repetida no último trimestre do ano.

Com tal comportamento, o PIB deve fechar o ano acima de zero, sinalizando crescimento vigoroso em 2010, em torno de 5%. " O grande motor continua sendo a demanda interna aliada aos investimentos. "

Apesar desse quadro, diz Rosa, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa Selic em 8,75% agora em dezembro e por mais um bom período de tempo. " A autoridade monetária não vai se comprometer com alta de juros no curto prazo. "

Ao final do pregão, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2011, o mais líquido do dia, apontava alta de 0,06 ponto percentual, a 10,42%. Já o vencimento para janeiro de 2012 ganhou 0,05 ponto, a 11,80%. E janeiro de 2013 projetava 12,44%, alta de 0,02 ponto.

Entre os vencimentos curtos, janeiro de 2010 devolveu 0,01 ponto, a 8,64%. E julho de 2010, que divide as apostas quanto à possibilidade de alta na Selic no primeiro ou no segundo semestre, ganhou 0,05 ponto, a 9,22%.

Até as 16h15, antes do ajuste final de posições, foram negociados 335.915 contratos, equivalentes a R$ 30,45 bilhões (US$ 17,60 bilhões). O vencimento para janeiro de 2011 foi o mais negociado, com 174.340 contratos, equivalentes a R$ 15,68 bilhões (US$ 9,06 bilhões).

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